Mulheres no topo: Para diretora-executiva do ANPEI, ser mulher e líder é uma ‘jornada solitária’
De acordo com a segunda edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgado em 2021 e elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a taxa de participação das mulheres com 15 anos ou mais no mercado de trabalho foi de 54,5%, enquanto entre os homens, a medida chegou a 73,7%, uma diferença de 19,2 pontos percentuais.
O estudo analisa as condições de vida das mulheres no Brasil, tendo como parâmetros os metadados do Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero – CMIG (Minimum Set of Gender Indicators – MSGI) disponibilizado pela Divisão de Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistical Division – UNSD).
Para estabelecer o panorama das desigualdades de gênero no País, a pesquisa com base no CMIG procura abarcar uma série de informações de modo a contemplar os cinco domínios estabelecidos por ele: estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e tomada de decisão; e Direitos humanos das mulheres e meninas.
Além disso, o Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG) integra o projeto de estruturação de um amplo Programa de Estatísticas de Gênero no IBGE.
No vídeo, o instituto traz um panorama histórico sobre os dados que envolvem homens, mulheres e suas diferenças na sociedade.
Tendo em vista essa realidade, a diretora executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (ANPEI), Marcela Flores, fala sobre a representatividade feminina no mercado de trabalho.
Marcela é conselheira de entidades do ecossistema de inovação e está à frente da ANPEI há mais de cinco anos e participa de discussões excepcionais com todos os atores do ecossistema de inovação (junto ao poder Executivo e Legislativo).
Mulheres e a liderança solitária
Segundo Marcela, o sucesso profissional é ter o privilégio de atuar, dia a dia, com algo “que se é apaixonada por realizar”.
Mas, para ela, ser mulher em um cargo de liderança é uma jornada solitária.
“Por mais que a sociedade tenha evoluído em comparação aos anos anteriores, quando as mulheres não tinham acesso ao ensino superior, ainda assim precisamos de muitas evoluções”, afirma a diretora-executiva.
Por isso Marcela defende que o Dia Internacional da Mulher, celebrado na última terça-feira (8), é uma comemoração importante e que deve ser mantida, mas que “não gera impacto tão expressivo por ser uma ação isolada”.
Já as políticas de inclusão, segundo ela, são mais impactantes, porque, “geralmente, vêm acompanhadas de programas bem estruturados, com ações e metas definidas”.
A diretora-executiva do ANPEI acredita que, para mudar de fato esse cenário, é fundamental traçar metas de participação feminina em cargos da alta liderança, em contratação de vagas de staff (para serem desenvolvidas as futuras lideranças) e
em investimentos em educação para as meninas nas áreas STEM (de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, em tradução livre).
Para Marcela, a educação é um ponto central para a transformação do mercado.
“Quando falo sobre a importância de traçarmos metas para as mulheres chegarem nessas posições de liderança, reforço a importância de investirmos na educação”, afirma ela.
Dicas para a carreira e para a vida
Para Marcela, existe um conselho essencial para quem está começando a carreira profissional.
“Persista, você é plenamente capaz, mesmo que o mundo masculino ao seu redor diga que não. Digo isso porque é por meio da nossa persistência que ajudaremos outras mulheres a alcançarem seus objetivos”, aconselha a diretora executiva da ANPEI.