Economia

Mudanças no painel do Federal Reserve sinalizam manutenção de juros baixos nos EUA

02 jan 2021, 19:00 - atualizado em 30 dez 2020, 10:19
Charles Evans
A mudança de maior destaque é a chegada de Charles Evans, do Fed de Chicago (Imagem: Reuters/Edgard Garrido)

Mudanças no painel de decisão de juros do Federal Reserve tornarão menos provável um aperto da política monetária no ano novo, independentemente do impacto da distribuição de vacinas contra a Covid-19 na economia.

Na rotação anual de membros votantes no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), os quatro presidentes regionais do Fed que receberem esse privilégio em 2021 serão um pouco mais “dovish” – ou inclinados ao afrouxamento da política monetária – do que os quatro que serão substituídos.

A mudança de maior destaque é a chegada de Charles Evans, do Fed de Chicago e entre as autoridades mais previsivelmente dovish, que substitui Loretta Mester, de Cleveland, cuja posição é relativamente “hawkish”, ou inclinada ao aperto monetário.

Além disso, um novo voto permanente agora pertence a Christopher Waller, ex-diretor de pesquisa do Fed de St. Louis que assumiu como membro do Conselho de Governadores do Fed em 18 de dezembro.

Em um aspecto importante, Waller é decididamente dovish: há muito tempo defende a visão, mais recentemente adotada pela liderança do Fed, de que o baixo desemprego não gera automaticamente inflação mais alta.

“Se as vacinas se concretizarem, a perspectiva de aumento dos juros pode ficar um pouco mais próxima do que a expectativa de hoje”, disse Stephen Stanley, economista-chefe da Amherst Pierpont Securities. “Mas não é provável que mexam nos juros em 2021.”

Federal Reserve
Neste ano autoridades do Fed adotaram um novo marco para a política monetária (Imagem: Reuters/Kevin Lamarque)

É difícil discordar que o FOMC deve manter o afrouxamento da política monetária durante a maior parte da recuperação econômica.

Por razões que nada têm a ver com a Covid-19 e tudo a ver com as tendências de inflação e crescimento de longo prazo, neste ano autoridades do Fed — lideradas pelo presidente Jerome Powell — adotaram um novo marco para a política monetária, comprometida com uma abordagem mais paciente para aumentar os juros do que em qualquer outro momento desde o início dos anos 1970.

O comitê apoiou essa abordagem de duas maneiras. Os membros do FOMC declararam que não vão subir os juros antes que o mercado de trabalho atinja a estimativa do Fed de máximo emprego e a inflação esteja a caminho de ultrapassar a meta de 2%.

Também divulgaram projeções econômicas em dezembro mostrando que 12 dos 17 membros do FOMC não esperavam aumento das taxas de juros até pelo menos 2024.

“Passamos por circunstâncias muito atípicas em que o Fed, como grupo, deu uma guinada que é muito mais dovish do que em qualquer outro período anterior”, disse Gregory Daco, economista-chefe para EUA da Oxford Economics.

Ainda assim, as mudanças no FOMC neste ano podem influenciar o programa de compra de ativos do Fed. O banco central compra atualmente US$ 120 bilhões por mês em títulos do Tesouro dos EUA e títulos de hipotecas na tentativa de reduzir os juros de longo prazo para famílias e empresas.

Uma mudança negativa inesperada na economia pode levar a pedidos de aumento dessas compras.

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