Economia

Mudança da meta não afeta avaliação sobre o Brasil no curto prazo, diz Moody’s

16 ago 2017, 19:26 - atualizado em 05 nov 2017, 13:58

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

A elevação da meta de déficit fiscal deste ano de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões não afeta a avaliação sobre o Brasil no curto prazo, informou hoje (16) a agência de classificação de risco Moody’s. Em nota, a agência destacou que a revisão da meta fiscal não deverá impactar a nota do país nos próximos meses, mas advertiu para o risco de a dívida pública explodir nos próximos anos caso o governo não consiga avançar na aprovação de reformas estruturais.

“A magnitude da revisão em 2017 não afeta materialmente nosso cenário-base”, escreveu a analista sênior para ratings soberanos da Moody’s, Samar Maziad. No texto, ela destacou que o aumento do déficit primário em 2018 atrasará o controle do governo sobre a dívida pública, mas considerou que o principal perigo é a não aprovação de reformas como a da Previdência Social.

“Nossas projeções incorporavam um déficit fiscal primário de 2,4% do PIB [Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país] em 2017, mas nossa estimativa para 2018 era de um déficit fiscal de 1,7% do PIB. Uma trajetória mais lenta de consolidação fiscal em 2018-2020 é um desdobramento negativo de crédito”, destacou a analista da Moody’s.

A mudança na meta de déficit para o próximo ano, que saltará de R$ 129 bilhões para R$ 159 bilhões, fará o resultado negativo nas contas públicas aumentar para 2,2% do PIB em 2018, de acordo com a agência. Apesar disso, a analista da Moody’s ressaltou que as perspectivas para a nota do Brasil no médio prazo serão mais afetadas pela evolução das reformas propostas do que pelas metas fiscais de curto prazo.

“Se aprovada, a reforma da Previdência reduzirá o crescimento das despesas do governo, contribuindo para a restauração da sustentabilidade fiscal e para contenção do aumento da dívida pública”, acrescentou a analista.

Ontem, a agência Standard & Poor’s (S&P) retirou a perspectiva negativa da nota de crédito do Brasil logo após o anúncio da mudança da meta. Em comunicado, a agência informou que o cenário político melhorou após a rejeição, pela Câmara dos Deputados, da denúncia contra o presidente Michel Temer e que o governo conseguiu aprovar a reforma trabalhista.

Em maio, a S&P tinha posto o Brasil em observação após a divulgação de denúncias contra Temer. Tanto a S&P como a Moody’s mantêm o Brasil duas notas abaixo do grau de investimento (garantia de que o governo brasileiro não dará calote na dívida pública). Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, no qual a probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui. Quando um país dá calote, os títulos passam a ser considerados como de lixo. O mesmo vale para as empresas.

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