Mudança climática: Mais de US$ 270 trilhões em investimentos são necessários para cumprir as metas de emissão para 2050
Para que o Acordo de Paris e os objetivos de emissões líquidas zero em 2050 sejam cumpridos, os investimentos climáticos devem ser feitos o quanto antes e em maior escala.
Isto é o que revela o novo estudo do Swiss Re Institute – um fornecedor mundial de resseguros, seguros e outras formas de transferência de riscos – que acompanha os progressos na descarbonização da economia.
A comparação dos investimentos necessários para atingir a emissão líquida zero com os gastos realizados até agora mostra uma lacuna de investimento climático de mais de US$ 270 trilhões nos setores de energia, transportes, construção e indústria entre 2022 e 2050.
Atrelado a isso, um em cada sete fundos classificados como sustentáveis tem uma intensidade de emissões de carbono maior que a média em todos os fundos de investimento, e nenhum fundo marcado pelo clima tem uma carteira totalmente alinhada com a meta do Acordo de Paris.
Lacuna de investimento
A lacuna de investimento climático abrange os quatro principais setores emissores de carbono: energia, transportes, construção e indústria, conforme o revela o estudo.
A janela em direção às metas de emissão líquida zero está no setor de transportes, estimada em US$ 114 trilhões, com a maioria dos investimentos necessários para equipar estradas para veículos elétricos.
Vale lembrar, que, em linhas gerais, as emissões líquidas zero podem ser alcançadas removendo da atmosfera tanto gás de efeito estufa quanto as emissões, de modo que a quantidade líquida adicionada seja zero.
No setor de energia, a lacuna prevista é de US$ 78 trilhões, com o principal déficit em energia renovável.
Os setores de construção e industrial requerem investimentos estimados em US$ 65 trilhões e US$ 14 trilhões, respectivamente, sendo a eficiência energética a principal alavanca de descarbonização para ambos os setores.
Economia líquida zero
O estudo identifica também que, se os investimentos realizados ano a ano fossem elevados de forma gradativa e consistente para além da tendência de crescimento anual, a lacuna poderia se fechar em meados do século.
Para o Group Chief Economist da Swiss Re, Jérôme Haegeli, “para colocar em perspectiva o novo número da lacuna de investimentos climáticos, a realidade é: se os investimentos em descarbonização continuarem a crescer ao ritmo atual, a meta de 2050 será provavelmente perdida em 20 anos”.
Isto poderia ser alcançado alinhando cada vez mais os gastos de capital atuais com os objetivos de emissão líquida zero. “Identificar a lacuna de investimento climático torna possível acompanhar o progresso anual em direção a uma economia líquida zero”, afirma o executivo.
Ação público-privada
Segundo o levantamento, a maior parte deste investimento precisa vir do setor privado.
Já o setor público, precisa criar a estrutura para que o setor privado redirecione o capital existente aos investimentos climáticos. “A mudança só pode acontecer no ritmo necessário se os setores público e privado trabalharem coordenadamente para desbloquear o capital e canalizá-lo de forma direcionada”, diz Haegeli.
Além do investimento público direto em projetos verdes, os governos precisam criar confiança nos principais mercados com uma estrutura política clara e incentivos, enquanto os reguladores financeiros devem estabelecer regras padronizadas para fazer cumprir as metas.
A transição verde
Dado o cenário de longo prazo de suas obrigações e capital, também de longo prazo, a ser comprometido, os investidores institucionais, tais como fundos de pensão ou companhias de seguro, estão bem posicionados para desempenhar um papel na transição verde, pontua o estudo do Swiss Re Institute.
Por exemplo, a indústria de seguros poderia impulsionar o mercado financiando soluções de descarbonização emergentes, tais como tecnologias de captura e remoção de carbono e investimentos em infraestrutura sustentável.
Como um absorvedor de riscos, o setor poderia melhorar o perfil de retorno de risco dos projetos de investimento favoráveis ao clima.
Ao precificar riscos e compartilhar conhecimentos especializados sobre os mesmos, o setor poderia permitir aos participantes do mercado tomar decisões de investimento claras e fundamentadas.
“Na verdade, o mercado de títulos verdes ainda representa menos de 5% do valor do mercado global, o que significa que é muito pequeno. É necessária uma ação mais forte para reduzir as barreiras ao investimento e a convergência internacional na taxonomia para investimentos climáticos e verdes”, afirma Haegeli.
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