Mudança climática leva a indenizações de seguro recordes em 2020
A Covid continua a provocar graves dificuldades econômicas, mas desastres naturais causados pelo aquecimento do planeta também tiveram impacto neste ano com prejuízos recordes e deslocamento de milhões de pessoas, segundo duas novas avaliações sobre indenizações de seguro em 2020.
A Christian Aid, braço de ajuda de 41 igrejas no Reino Unido e Irlanda, classificou os 15 desastres climáticos mais destrutivos do ano com base em perdas de seguro. O ciclone Amphan, que atingiu a Baía de Bengala em maio, foi o evento mais caro, deslocando 4,9 milhões de pessoas com custo de US$ 13 bilhões. Cada um dos dez maiores desastres causou pelo menos US$ 1,5 bilhão em danos e cinco custaram US$ 5 bilhões ou mais.
Como o preço para as seguradoras era mais alto nos países ricos, observou a Christian Aid, o relatório provavelmente subestima a devastação para países mais pobres. “O Sudão do Sul, por exemplo, teve uma das piores enchentes já registradas, que matou 138 pessoas e destruiu as safras do ano”, disse o relatório.
Com valores de propriedade relativamente altos, os EUA lideraram a lista de países financeiramente impactados pela mudança climática, com US$ 60 bilhões em danos. Muito disso foi causado por uma temporada atípica de furacões no Atlântico. Ao todo, as 30 tempestades identificadas causaram pelo menos US$ 41 bilhões em danos e deslocaram cerca de 200 mil pessoas nos Estados Unidos, bem como na América Central e no Caribe.
Em outro relatório publicado no início de dezembro, a Swiss Reinsurance Company, maior resseguradora do mundo, revelou que 2020 foi o quinto ano mais caro para o setor em 40 anos. As perdas globais totalizaram US$ 83 bilhões, concluiu a resseguradora, impulsionadas por um número recorde de fortes tempestades e incêndios florestais nos EUA.
“A pandemia Covid-19 tem sido compreensivelmente uma grande preocupação neste ano. Para milhões de pessoas em partes vulneráveis do mundo, o colapso do clima agravou isso”, disse em comunicado Kat Kramer, líder de política climática da Christian Aid e autora do relatório.
“Quer sejam inundações na Ásia, gafanhotos na África ou tempestades na Europa e nas Américas, a mudança climática continuou a avançar em 2020. É vital que 2021 inaugure uma nova era de atividade para virar essa maré.”