Mudança climática encolhe negócio de carvão da Glencore
A mudança climática e os baixos preços do gás afetam o negócio de carvão da Glencore.
A maior exportadora de carvão do mundo reduziu o valor de sua unidade na Colômbia – que vende principalmente para a Europa – em quase US$ 1 bilhão como forma de se ajustar ao mercado em crise. A empresa também planeja suspender a mineração de carvão na Colômbia nos próximos 15 anos.
O anúncio é outro exemplo de como a demanda cada vez menor da Europa por carvão transforma a indústria de energia global. Políticos prometem tornar a Europa o primeiro continente neutro em emissões de carbono e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. O excesso de gás natural, juntamente com o inverno mais ameno, e custos mais altos de licenças de emissão de carbono começam a desviar a geração de eletricidade do carvão em direção ao gás.
Investidores também fazem mais pressão devido à mudança climática e, no ano passado, a Glencore concordou em limitar a produção de carvão. Mas é a economia que se mostra decisiva.
No mercado de carvão do Atlântico, “não vejo uma grande recuperação”, disse o CEO Ivan Glasenberg na terça-feira. “Está claro que a quantidade de carvão consumida no Atlântico está diminuindo.”
Certamente, a Glencore continua comprometida com o negócio de carvão, altamente rentável. As minas australianas da empresa são algumas das melhores do mundo e se alimentam diretamente da Ásia.
Sob o comando de Glasenberg, bilionário e ex-operador carvão, a empresa tem sido fiel defensora do combustível ao dizer que é essencial fornecer energia acessível e confiável nos países em desenvolvimento. A gigante de commodities afirma que a demanda continuará crescendo por anos, já que países como China, Vietnã e Índia continuam a abrir usinas de carvão.
“O mundo ainda precisa de carvão”, disse Glasenberg na terça-feira. “Continuaremos no negócio enquanto o mundo exigir essa energia com preço mais baixo.”
O colapso da demanda por carvão na Europa não é apenas uma dor de cabeça para a Glencore.
A BHP, maior mineradora do mundo, tenta sair do negócio. Um de seus ativos é a Cerrejon, uma mina na Colômbia que controla em parceria com a Glencore e a Anglo American. Mas, no mercado atual, existem poucos compradores.