Mudança climática ameaça oferta de sorvetes veganos de coco
O sorvete vegano é uma commodity em alta nos dias de hoje. Mas fortes tempestades que devastaram plantações no sudeste da Ásia ameaçam eliminar um dos seus melhores ingredientes, o coco.
Grande parte da oferta mundial de cocos vem da região, que tem enfrentado um aumento na frequência e intensidade de tempestades por causa do aquecimento dos oceanos. A cremosidade natural do coco é vista por alguns especialistas como a melhor maneira de imitar os laticínios, e fabricantes de sorvetes não lácteos agora se esforçam para buscar alternativas.
Até agora, as soluções variam de tofu a imitações de leite produzidas em laboratório.
“Continuaremos apoiando os produtores de coco e essas comunidades pelo tempo que pudermos, mas percebemos que há uma ameaça climática a essas áreas”, disse Kim Gibson Clark, presidente da Coconut Bliss, fabricante americana de sorvetes veganos. Segundo ela, a empresa, que vende guloseimas congeladas em supermercados nos EUA e no Canadá, recebe metade de sua oferta da Tailândia e metade das Filipinas.
O sorvete sem leite representa uma oportunidade crescente à medida que consumidores procuram cada vez mais alimentos à base de plantas. O mercado global deverá movimentar US$ 1 bilhão em vendas anuais até 2024 em relação aos US$ 400 milhões em 2017, segundo a Global Market Insights.
O creme de coco é frequentemente a base escolhida para o sorvete vegano porque tem menos ar, tornando-o mais denso do que outras alternativas aos lácteos, disse Tyler Malek, cofundador da rede de sorvetes Salt & Straw, que opera 19 lojas na costa oeste dos EUA. A empresa, que começou a usar o creme de coco para seus produtos veganos há cerca de seis anos, começou a “diversificar para evitar os riscos relacionados ao coco”, disse Malek.
A maioria dos cocos do mundo vem do sudeste da Ásia. Em 2018, 29 tempestades tropicais atingiram a região noroeste do Pacífico, acima da média anual de 26, de acordo com a Divisão de Pesquisa de Furacões dos EUA.
Na Salt & Straw, 20% dos sorvetes vendidos são veganos, e a rede quer dominar “a categoria de opções não lácteas”, disse Malek. Os fabricantes de sorvetes da empresa estão experimentando ingredientes como o aquafaba – líquido que sobra do cozimento do grão de bico – o feijão branco e o leite livre de alérgenos da Eclipse Foods, de São Francisco.