Política

Múcio diz que não haverá outro 8 de janeiro porque Forças Armadas vão se antecipar

20 jan 2023, 14:09 - atualizado em 20 jan 2023, 15:26
José Múcio Monteiro
Múcio deu uma rápida entrevista após participar de um encontro no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta sexta-feira que não haverá a repetição de um 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília, porque as Forças Armadas vão se antecipar para impedir isso, ao destacar que não houve envolvimento direto da instituição –mas eventualmente de elementos isolados– nos atos violentos.

“Não tenho a menor dúvida que outro daquele não vai acontecer, até porque as Forças Armadas vão se antecipar”, disse Múcio, em rápida entrevista após participar de um encontro no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os comandantes das três Forças e empresários no qual, segundo ele, não se discutiu os atos de vandalismo e se tratou de investimentos da indústria na área da defesa nacional.

O ministro da Defesa afirmou que, embora as ações de 8 de janeiro não tenham sido o tema principal do encontro, haverá punição se for comprovada a participação de militares nos atos violentos. Múcio isentou as Forças Armadas de envolvimento direto nos atos, e os atribuiu a eventuais ações individuais.

O comentário se deu acerca de falas anteriores de Lula que exigiu punição a integrantes das Forças Armadas que estejam envolvidos.

“Nós acolhemos (a fala de Lula) e militares estão cientes e concordam que vamos tomar as providências. Evidentemente que, no calor da emoção, a gente precisa ter cuidado para que esse julgamento, essas acusações sejam justas para que as penas sejam justas, mas tudo será providenciado em seu tempo”, disse.

“Entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas, mas se algum elemento teve envolvimento pessoal, vai ser apurado”, reforçou.

Em mais de uma ocasião, Múcio disse que não tratou da participação de militares nos atos golpistas, ressaltando que o assunto está com a Justiça. “Estamos aguardando as comprovações para que providências sejam e serão tomadas”, avaliou.

O ministro afirmou ainda não ter dúvida que o encontro serviu para distensionar o ambiente e voltar a ter maior confiança entre as partes. Segundo ele, foi por essa razão que o ministro pediu para antecipar essa reunião dos militares com Lula –que iria ocorrer no final de janeiro ou início de fevereiro– a fim de discutirem projetos de modernização da Marinha, Exército e Aeronáutica.

“Evidentemente a gente não poderia ficar com essa agenda última (referência indireta aos atos). A gente tem que pacificar o país, pensar daqui para frente, pacificar esse país, governar”, disse.

Segundo Múcio, Lula demonstrou entusiasmo e fé no trabalho dos militares e afirmou que todos se indignaram com o que ocorreu há duas semanas. Para o ministro, é preciso virar a página e olhar para frente.

Após o 8 de janeiro, o presidente externou em uma série de declarações sobre sua desconfiança em relação à conduta dos militares e apontou falha dos serviços de inteligência em prevenir a atuação dos golpistas. O próprio governo tem promovido dezenas de exonerações de militares de cargos de confiança que atuam próximo ao núcleo do poder, como nos palácios oficiais.

(Atualizada às 15:26)

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