MRV tem lucro maior no 1º tri, mas proteção contra inflação queima caixa
A MRV (MRVE3) lucrou mais no primeiro trimestre, refletindo o boom do mercado imobiliário no Brasil com taxas de juros em mínimas recordes, mas a companhia teve maior consumo de caixa porque estocou matéria-prima para se proteger da inflação.
A construtora com sede em Minas Gerais anunciou nesta quarta-feira que seu lucro líquido consolidado no período somou 137 milhões de reais, aumento de 30,9% sobre um ano antes.
A receita operacional líquida de janeiro a março somou 1,598 bilhão de reais, avanço de 5,9% em 12 meses. Mas a margem bruta caiu 0,3 ponto percentual, a 27,8%.
“A recuperação das margens deve ficar para 2022”, disse à Reuters o copresidente da MRV Rafael Menin, explicando que o processo de repasse de preços maiores das matérias-primas deve ser alongado pelos próximos trimestres.
O resultado operacional do trimestre medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) foi de 211 milhões de reais, aumento de 4,2% ano a ano, mas com a margem Ebitda recuando 0,2 ponto percentual, para 13,2%.
A MRV havia anunciado em abril salto de 58% nos lançamentos nos primeiros três meses de 2021, mas queda de 3,2% das vendas no comparativo anual, com atrasos em alguns repasses da Caixa Econômica Federal, item que também pesou na geração de caixa, negativa em 384 milhões de reais, contra um número também deficitário de 328 milhões um ano antes.
Além dos atrasos da Caixa, essa linha do resultado refletiu despesas maiores das unidades em desenvolvimento Urba e AHS, além da decisão da MRV de elevar estoques de matéria prima.
“Dado o atual cenário de inflação de materiais na construção civil, a companhia optou por antecipar a compra e estocar parte da matéria prima necessária para a construção de suas obras, de modo a garantir o preço e evitar interrupções no fornecimento”, afirmou a empresa no relatório.
Menin disse, no entanto, que a geração de caixa deve melhorar nos próximos trimestres, com a manutenção do ritmo de crescimento em todas as linhas de negócios.
Segundo ele, a MRV deve ampliar seus planos para a subsidiária AHS, na esteira do programa do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de ampliar projetos de infraestrutura e apoio a cidadãos de classe média.