MRV, Peer-to-Peer: As estratégias da fintech mineira EmCash para crescer em crédito imobiliário e consignado
Nos últimos anos, o mercado financeiro tem se caracterizado principalmente pela oferta de novos produtos para os investidores. Hoje, é possível aplicar recursos em um imóvel sem adquirir efetivamente o bem. Ou conceder um empréstimo pessoal e obter retornos atraentes.
Essas são as duas áreas de atuação da fintech EmCash. Em conversa com o Money Times, o fundador Guilherme Maia e o diretor Comercial Leonardo Aguiar falaram da parceria com a construtora MRV (MRVE3), que já gerou R$ 200 milhões em recursos para financiamento imobiliário, e a entrada em um mercado ainda iniciante no Brasil, o empréstimo conhecido como Peer-to-Peer.
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“As construtoras acabam financiando os valores de entrada exigidos no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sem ter a estrutura necessária para analisar e acompanhar essas operações. Não são bancos. Nós fazemos isso por elas”, explica Aguiar.
A EmCash já tem uma parceria ativa com a também mineira MRV. Neste caso, a construtora fornece o capital necessário para financiar o valor que não é coberto pelo programa governamental, e a fintech faz todo o processo de análise, acompanhamento e cobrança.
Em seis meses de parceria, foram cerca de 4 mil contratos fechados nesse modelo, gerando uma carteira de aproximadamente R$ 200 milhões.
“Nós pegamos essas operações e colocamos em um fundo, que disponibilizamos para os investidores”, explica Maia. Neste ano, a EmCash lançou um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) lastreado nestes financiamentos, com retorno para os compradores de IPCA mais 11% ao ano.
“Assim, nós conseguimos antecipar os recebíveis para a MRV, facilitar o financiamento do imóvel para o comprador, e oferecer um produto de bom retorno para o investidor”, diz o diretor Comercial da EmCash.
Aguiar afirma que o sucesso da parceria com a MRV tem atraído a atenção de todo o mercado imobiliário. “Eu tenho hoje conversas abertas com as 30 maiores do país. Algumas em fases mais avançadas, e devemos anunciar em breve”.
Quer emprestar dinheiro?
Outro mercado em que a EmCash atua, no qual tem poucos concorrentes no Brasil, é o chamado Peer-to-Peer Lending.
Já bem disseminado nos Estados Unidos, a modalidade envolve pessoas com disponibilidade de capital que emprestam dinheiro para outras pessoas, por meio de um agente financeiro intermediário.
Neste caso, a fintech estrutura operações de crédito consignado para funcionários de empresas privadas com recursos disponibilizados por investidores pessoas físicas.
“Esse é um produto que dá um retorno médio de 240% do CDI (taxa de mercado que segue de perto a taxa básica de juros). Por isso, é comum que executivos das empresas que nos contratam fiquem com todas as operações dentro daquela companhia”, conta Aguiar.
A EmCash já tem 130 operações desse tipo estruturadas, com uma carteira total de R$ 30 milhões.
Maia afirma que apesar desta boa recepção por parte de empresas e investidores, a EmCash está elaborando uma estratégia para aperfeiçoar o modelo atual de Peer-to-Peer.
“Hoje, o investidor fica exposto ao contrato de um funcionário. A nossa ideia é dividir cada contrato em cotas, para diluir os riscos para os investidores. A inadimplência é muito baixa, mas existe. E o investidor pode ter o azar de financiar um funcionário demitido ainda com o contrato em aberto”, explica o fundador da EmCash.
Com todo este cenário, os executivos acreditam que a EmCash pode atingir a marca de R$ 1 bilhão em operações rapidamente.
“Nossa estrutura é enxuta, e toda concentrada em Belo Horizonte hoje. Mas vamos ampliar nosso time, e estamos procurando um local para estabelecer um escritório em São Paulo”, conta Aguiar.