MRV (MRVE3) registra lucro no 1T23; ‘Rentabilidade e geração de caixa são desafios’, diz CFO
A MRV (MRVE3) registrou lucro líquido de R$ 40,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa queda de 48% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. Já o lucro bruto somou R$ 353,4 milhões entre janeiro e março, alta de 6,5% na base anual.
O resultado considera as vendas da MRV, da incorporadora Sensia, Urba, Luggo e da subsidiária norte-americana Resia (ex-AHS), que juntas formam a MRV&Co.
Com isso, a MRV reportou receita operacional líquida de R$ 1,69 bilhão no primeiro semestre de 2023, alta de 1,1% no comparativo anual. A margem bruta chegou a 20,9%, subindo 0,7 ponto percentual (p.p.) ante o quarto trimestre de 2022.
Os números foram impulsionados pela construtora MRV e pela incorporadora Sensia que, juntas, tiveram lucro líquido de R$ 111 milhões, contra apenas R$ 9 milhões um ano antes. Por sua vez, a receita das suas subsidiárias somou R$ 1,64 bilhão, ligeira alta de 0,3% ante o primeiro trimestre do ano passado.
MRV segue queimando de caixa
Entretanto, a MRV&Co registrou queima de R$ 789 milhões de seu caixa entre janeiro e março, salto de 47,3% ante o quarto trimestre. Todavia, considerando apenas a operação brasileira, a queima foi de R$ 208 milhões, redução de 49% em relação aos três últimos trimestres do ano anterior.
A empresa de construção civil ressaltou em sua prévia que os “covenants de dívida apresentaram melhora” em comparação ao trimestre anterior.
No entanto, em entrevista ao Money Times, o diretor executivo de finanças e relações com investidores, Ricardo Paixão, ressaltou que o grande desafio e preocupação é o “lado operacional” da companhia.
“Sempre tivemos rentabilidade alta e fomos uma empresa geradora de caixa. Mas, acabamos que com a pandemia [de covid-19], queimamos muito caixa em alguns trimestres e reduzimos a rentabilidade”, comenta.
Contudo, Paixão acredita que a MRV&Co está “no caminho traçado” pela companhia e “conseguindo executar bem o orçamento de 2023 em busca de maior rentabilidade e voltar a gerar caixa”, ressalta.
Porém, a construtora encerrou março com alavancagem financeira – medida pelo indicador dívida líquida/patrimônio líquido -, de 65,2%, acima dos 57% observados ao fim de 2022.
Vendas recordes no 1º tri
No primeiro trimestre, a MRV&Co viu suas vendas líquidas totais somarem R$ 1,82 bilhão, alta de 4,3% na comparação com o mesmo período de 2022. Entretanto, em relação ao quarto trimestre, o indicador recuou 11,8%. Ainda assim, a companhia destacou em prévia operacional divulgada em abril que o valor foi recorde para um começo de ano.
Além disso, a velocidade de vendas (VSO) da construtora mineira alcançou 22% no trimestre, subindo 2 p.p. na comparação com o mesmo período de 2022 e 5 p.p. ante outubro a dezembro.
Sobre o resultado recorde, a companhia atribui à “presença dominante em diversas praças fora das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro”, além das “mudanças recentes no programa” habitacional do governo federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O preço médio de venda dos produtos da construtora, considerando todas as suas marcas, subiu 11,2% de janeiro a março ante um ano antes, para R$ 217 mil. No entanto, em relação ao quarto trimestre, houve queda de 18,4%.
Em contrapartida, a MRV reduziu os lançamentos no trimestre. Com isso, eles tiveram valor geral de vendas (VGV) de R$ 982 milhões, total 43,6% abaixo do reportado um ano antes e 71,8% ante o trimestre anterior.
“Nós lançamentos muito no quarto trimestre. E, por estratégia, seguramos os lançamentos nesse começo de 2023”, diz o executivo de finanças e RI da empresa, acrescentando que, sazonalmente, “é um trimestre com menos lançamentos”.
De janeiro a março, foram lançadas 2,6 mil unidades, cinco vezes abaixo do volume registrado de outubro a dezembro. O preço médio de venda por unidade lançada chegou a R$ 367 mil, considerando todas as subsidiárias da companhia. O que representa avanço de 15,5% no comparativo anual e salto de 48,5% ante o último trimestre.
‘Pode entrar’ é bem-vindo
Paixão ressalta que, mesmo com vendas recordes no primeiro trimestre, a companhia ainda não sentiu os efeitos do programa habitacional da prefeitura de São Paulo, “Pode Entrar”, que poderá ainda contribuir com um incremento de R$ 1,13 bilhão em VGV.
Segundo ele, o programa “é muito bom” e as obras dos três projetos da MRV aprovados na licitação, até o momento, deverão começar no segundo semestre. Apesar disso, a MRV&Co não irá considerar os efeitos do programa no orçamento de 2023, bem como para as projeções apresentadas para os próximos anos. Com isso, o resultado será adicional.
Ainda sobre programas habitacionais, a companhia aguarda ajustes no Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, a expectativa do setor de construção civil e incorporação é que, até o meio do ano, o governo federal anuncie mudança no teto das faixas 2 e 3.
“Em dois anos e meio, tivemos uma inflação de 35% no custo da construção e o valor dessas faixas ficou defasado. Por isso, deve sair alguma mudança nos próximos meses”, avalia.