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MRV (MRVE3): Por que ação ainda pode dobrar de preço, segundo analistas

11 jul 2024, 13:27 - atualizado em 11 jul 2024, 14:22
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MRV (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

A MRV (MRVE3) publicou sua prévia operacional do segundo trimestre de 2024 com resultados que agradaram analistas por um lado, mas que mostraram sinais ainda preocupantes de outro. No ano, o papel tem dificuldade de avançar, acumulando queda de 33%. Além das questões operacionais (o mercado ainda pune a empresa por conta da sua constante queima de caixa), o cenário macro não ajuda, já que a imobiliária é altamente exposta aos juros.



Do lado da venda e dos lançamentos, o investidor não teve o que reclamar. A empresa lançou R$ 2,2 bilhões, aumento de 74% em base anual e de 40% no trimestre, um recorde. Além disso, a companhia vendeu R$ 2,5 bilhões, disparada de 14% no ano. Já o ticket médio de vendas foi de R$ 245 mil (crescimento de 10% em base anual e 2% no trimestre) e da Sensia R$ 597 mil (1% maior em base anual e 3% no trimestre).

Só em junho, foram vendidos mais de R$ 1 bilhão. As vendas sobre oferta (VSO) para MRV Desenvolvimento atingiram 33,8% (avançando 4,9 pontos percentuais em base anual). Segundo o Safra, todos os números foram impressionantes, com destaque para a velocidade das vendas, que atingiu 20,6%, 1,6 ponto percentual acima da estimativa. Já as vendas líquidas superaram em 8% as expectativas.

O Bradesco BBI também destaca a margem bruta de novas vendas, que somou 34%, enquanto o banco vê tendências positivas com a redução dos recebíveis para 12,6% (redução de 7 pontos percentuais em base anual).

Queima de caixa; o que os analistas não gostaram

E, justamente no ponto sensível, que a empresa decepcionou. Ao todo, a MRV Brasil, que considera a MRV Desenvolvimento e as subsidiárias Luggo e Urba, consumiu R$ 10 milhões em caixa. Só a Urba queimou R$ 21 milhões.

Além disso, o consumo de caixa da Resia, sua operadora nos Estados Unidos, totalizou R$ 370 milhões, com a MRV&Co reportando R$ 380 milhões de consumo de caixa durante o trimestre e R$ 613 milhões no primeiro semestre. “Os números de fluxo de caixa permanecem um pouco preocupantes, retardando o ritmo de sua recuperação esperada”, destaca o Safra.

O Bradesco nota, porém, que a geração de caixa no Brasil apresentou algumas tendências positivas (reduzindo a dependência das vendas de recebíveis), “embora a geração de valor ainda dependa de melhorias significativas nos próximos trimestres”. “A Resia continua enfrentando um cenário desafiador – com o consumo de caixa ainda relativamente alto e nenhuma venda durante o trimestre, dadas as difíceis condições do mercado americano”, destaca.

Para o Itaú BBA, o aumento da margem bruta das novas vendas foi apagado com o desempenho de caixa na operação brasileira e pelo significativo consumo de caixa na Resia. “A geração de caixa na operação brasileira se aproximou do ponto de equilíbrio, mas inclui um efeito líquido positivo de R$ 290 milhões da venda de recebíveis”, diz.

Já o Santander recorda que dois dos empreendimentos vendidos pela Luggo no trimestre (R$ 238 milhões de valor geral de venda) foram transferidos para uma instituição financeira e, portanto, a geração de caixa desses projetos deverá acompanhar o ritmo de construção. “Isso, em nossa opinião, poderá melhorar a geração de caixa da divisão nos próximos trimestres”, completa.

Vale comprar MRV?

O BTG recorda que além dos números operacionais e de fluxo de caixa, a MRV divulgou alguns dados adicionais que sugerem que suas operações estão se recuperando:

  1. as margens de novos lançamentos atingiram 34% no segundo trimestre;
  2. reduziu o nível de recebíveis não garantidos (pro-soluto) em novas vendas para 12,6% (de 19,6% no ano passado);
  3. a Resia tem 2 projetos com ocupação acima de 80% agora (alugou 306 apartamentos).

“Acreditamos que o valuation descontado da MRV (0,7x o preço sobre valor patrimonial) já reflete seus desafios operacionais, mas vemos que as coisas já estão melhorando, por isso nossa recomendação de compra”, coloca. O preço-alvo é de R$ 17, potencial de alta de 133% ante o último fechamento.

O Itaú também vê uma assimetria positiva para a empresa nos níveis atuais (provavelmente uma avaliação
descontada de 0,6x o preço sobre valor patrimonial), “embora vejamos gatilhos de curto prazo limitados para as ações”.

Já o Goldman Sachs acredita que a chave para liberar valor para as ações da MRV — que atualmente são negociadas com um desconto de aproximadamente 40% em relação ao valor contábil — passa por um processo de desalavancagem sustentável. A recomendação é neutra.

Veja a seguir as recomendações:

Recomendação Preço-alvo Potencial*
Itaú BBA Compra R$ 10 37%
Safra Compra R$ 11 51%
BofA Compra R$ 15 92%
Goldman Sachs Neutro R$ 8.5 16,91%
BTG Compra R$ 17 133%
Santander Compra R$ 14 92.57%

*Calculado em relação ao preço de ontem

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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