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MRV (MRVE3) “arranca band-aid” e acelera desinvestimentos na Resia; ações sobem na Bolsa

11 jul 2025, 11:55 - atualizado em 11 jul 2025, 12:23
Ricardo Paixão, CFO da MRV
No pregão desta quinta-feira (11), os papéis já sobem 5,41% na máxima do dia, cotados a R$ 6,23, liderando os ganhos do Ibovespa. (Imagem: Divulgação)

Em meio ao cenário desafiador de juros altos nos Estados Unidos, a MRV (MRVE3) decidiu “arrancar o band-aid” de uma vez e vender parte relevante dos ativos da subsidiária Resia, mesmo reconhecendo uma perda contábil de até US$ 144 milhões.

A decisão, segundo Ricardo Paixão, CFO da companhia, visa gerar US$ 493 milhões em caixa e cortar a dívida líquida da operação americana em quase 43%.

“Foi uma escolha pragmática. A gente preferiu arrancar o band-aid de uma vez só. Vamos reconhecer todo o impacto agora no segundo trimestre, gerar caixa e evitar surpresas para frente”, disse Paixão em entrevista ao Money Times.

Segundo o executivo, um dos principais fatores que levou à reestruturação da Resia foi o cenário de juros persistentemente altos nos Estados Unidos. A expectativa inicial da MRV era de que as taxas começassem a cair no segundo semestre de 2023, o que não se concretizou.

“A gente acreditava que veria alguma queda nos juros, mas o cenário mudou. Os juros seguem altos e devem continuar assim por mais tempo”, afirmou Paixão.

Com os treasuries americanos pagando retornos elevados, investidores passaram a exigir cap rates mais altos para comprar imóveis, o que derrubou os preços de venda dos ativos residenciais. Isso afetou diretamente os projetos da Resia, tornando a venda menos rentável e forçando a MRV a rever o valor contábil dos imóveis.

A perda contábil será registrada no resultado do segundo trimestre de 2025 (2T25) e vai impactar diretamente o lucro da MRV. Isso acontece porque os imóveis colocados à venda precisam ser reavaliados e registrados pelo menor valor entre o custo que a empresa pagou e o valor que eles podem ser vendidos hoje — que está mais baixo devido aos juros altos e à piora nos preços do mercado americano.

Reposicionamento da Resia

Com a mudança, a MRV redesenha totalmente a atuação da Resia, que antes operava com foco em expansão. Agora, a subsidiária atuará de forma enxuta, concentrada em quatro mercados estratégicos: Miami, Dallas, Houston e Atlanta. A nova estratégia inclui:

  • Venda de US$ 800 milhões em ativos até 2026, sendo US$ 270 milhões já neste ano;
  • Redução da dívida líquida da Resia de US$ 639 milhões para US$ 369 milhões;
  • Corte de SG&A de US$ 30 milhões para US$ 10 milhões/ano;
  • Limitação da operação a dois projetos por ano;
  • Redução do aporte de capital próprio nos projetos, de 30% para 10%;
  • Elevação da rentabilidade dos empreendimentos (TIR) de 36% para 55%.

Segundo a apresentação divulgada pela companhia nesta manhã (11), a Resia possui atualmente 4 empreendimentos prontos, ainda em fase de estabilização de locação; 12 terrenos disponíveis para venda, com mais da metade já em negociação.

As propriedades serão colocadas no mercado apenas quando atingirem 95% de ocupação, ponto em que a receita operacional líquida (ENOI) se estabiliza, maximizando o valor de venda baseado no cap rate. Até agora, a empresa já concretizou a venda de dois empreendimentos e três terrenos, totalizando US$ 117 milhões.

A MRV acredita que a decisão, mesmo que dolorosa no curto prazo, traz mais previsibilidade ao negócio, além de eliminar incertezas que vinham pressionando o valuation da empresa.

“A operação no Brasil vai bem. O ruído vinha dos EUA. Ao fazer esse ajuste contábil agora, diminuímos muito o grau de incerteza da companhia como um todo”, reforçou o CFO.

Investidores gostaram do que ouviram

As ações da MRV (MRVE3) reagiram com força à reestruturação da Resia e ao novo plano de desinvestimentos. No pregão desta quinta-feira (11), os papéis já sobem 5,41% na máxima do dia, cotados a R$ 6,23, liderando os ganhos do Ibovespa.

A companhia anunciou recentemente que vai recomprar até 6 milhões de ações, conforme comunicado enviado ao mercado. Isso representa cerca de 8% do total de papéis em circulação, e o programa será válido até 12 de dezembro de 2026.

Segundo a empresa, a recompra está ligada ao vencimento de operações com derivativos, relacionadas ao fato relevante divulgado em 27 de dezembro de 2023.



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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
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