MPF-PR denuncia 11 pessoas em investigação da operação Trapaça envolvendo BRF
O Ministério Público Federal do Paraná denunciou na última quarta-feira (4) 11 pessoas no âmbito da operação Trapaça envolvendo a BRF (BRFS3), de acordo com documento visto pela Reuters.
Das 11 pessoas denunciadas, uma ainda trabalharia na companhia como diretor Agropecuário do grupo, segundo documento em que os procuradores oferecem a denúncia.
Os procuradores acusam empregados da empresa de usar “substâncias proibidas pela legislação brasileira no fabrico de compostos adicionados à ração,” conhecidos no mercado com premix.
Eles também teriam utilizado substâncias permitidas, mas em dosagem diferente do que a declarada às autoridades e constante dos rótulos dos produtos, de acordo com os procuradores.
“Para o fim de garantir que a prática delituosa não fosse detectada, os denunciados ainda agiram… para… burlar a fiscalização federal, operando outras fraudes, como a remoção de estoques de substâncias usadas na fabricação do premix e a manipulação de amostras…,” de acordo com a peça acusatória.
Segundo o MPF, as substâncias adicionadas às rações e ao chamado premix eram em muitos casos “potentes antibióticos” cuja dosagem deve ser controlada e restrita.
O rígido controle do uso de antibióticos, segundo o MPF, objetiva evitar que a carne proveniente dos animais abatidos cheguem ao consumidor final contendo doses excessivas destes medicamentos.
A denúncia sustenta que os atos ilegais alegadamente praticados por funcionários da BRF na fabricação de rações e do composto premix teria ocorrido “no mínimo entre os anos de 2012 e 2018,” de acordo com a acusação.
Nota
A empresa frigorífica se manifestou sobre a denúncia, ressaltando que nenhum membro da administração, diretor ou executivo em posição de gestão atual na companhia foi denunciado. O colaborador da área técnica foi afastado até a solução do caso.
Em nota, a BRF disse ter “total interesse no esclarecimento de todos os fatos, uma vez que os princípios que guiam a companhia são baseados na transparência, no respeito à legislação e na tolerância zero com qualquer tipo de conduta indevida”.
A empresa também destacou que possui rigorosos processos de segurança alimentar, e seguirá colaborando com as autoridades.
As ações da BRF chegaram a reduzir a alta logo após a publicação da reportagem, chegando a 35,95 reais, perto da mínima da sessão, mas retomaram os ganhos e subiam 1,68% por volta das 17:30 de ontem, a 36,40 reais.
Matéria atualizada em 5/12/2019, às 11h54, para inclusão de nota enviada pela BRF à imprensa.