Antônio Palocci

MPF diz que Palocci pediu 10% de propina de empreiteiras para Delfim Netto

09 mar 2018, 21:08 - atualizado em 25 jun 2020, 23:52

O procurador Athayde Ribeiro Costa, membro da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse hoje (9) que o ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal Antonio Palocci foi o porta-voz do governo federal no recebimento de propinas, destinadas ao PT e ao MDB, de construtoras que atuaram na obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, construída a partir de 2011.

De acordo com o procurador, Palocci foi quem direcionou ao ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal, Antônio Delfim Netto, 10% da propina, ou R$ 15 milhões, paga pelas empreiteiras. Segundo as investigações do Ministério Público Federal, Delfim chegou a receber R$ 4 milhões do montante.

“Antonio Palocci foi o porta-voz do governo federal, então deputado federal, para direcionar os pedidos de propina, parte ao PT e parte ao MDB [então PMDB]. Em um segundo momento, Palocci pediu para que 10% do valor de 1% do contrato fosse direcionado a Antônio Delfim Netto, que corresponderia a quantia aproximada de R$ 15 milhões”, disse Athayde em entrevista coletiva.

Delfim Netto foi alvo hoje da Operação Buona Fortuna, na 49ª fase da Lava Jato, que cumpriu dez mandados de busca e apreensão no estado de São Paulo e Paraná. O empresário Luiz Appolonio Neto, sobrinho do ex-ministro, também foi alvo da ação. O MPF apontou que pagamentos também eram feitos em dinheiro vivo e em depósitos a empresas de Appolonio Neto.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Delfim Netto seria destinatário de R$ 15 milhões do Consórcio Norte Energia (formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli), por meio de contratos fictícios de consultoria. Além dos 10% remetidos a Delfim, o consórcio teria enviado propina aos partidos PMDB e PT. De acordo com o MPF, cada um dos partidos recebeu 45% dos valores.

O grupo de empresas pode ter sido favorecido no leilão de concessão de Belo Monte por agentes do governo federal. O Ministério Público usou informações obtidas pelos acordos de leniência firmados com a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht, além da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. No caso da Odebrecht, os pagamentos direcionados a Delfim Netto vinham com o codinome professor.

A defesa de Delfim Netto, representada pelos advogados Ricardo Tosto e Jorge Nemr, sócios do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, informou em nota que o cliente não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. “Os valores que [Delfim Netto] recebeu foram honorários por consultoria prestada”.

Já a defesa de Luiz Appolonio Neto, representada pelo advogado Fernando Araneo, do mesmo escritório que representa Delfim, refuta “veementemente” as acusações e esclarece que a vida profissional do cliente “sempre foi pautada pela legalidade”.

A defesa de Antonio Palocci foi procurada, mas não se manifestou até o momento.

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