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MPC prevê R$ 1 bilhão em projetos com baterias elétricas no Brasil em 18 meses

02 out 2020, 15:27 - atualizado em 02 out 2020, 15:27
Energia Solar
O projeto visa reduzir custos ao substituir a energia da rede pelas baterias em momentos de pico de demanda, quando os preços da eletricidade sobem (Imagem: Reuters/Amit Dave)

A empresa de soluções com baterias elétricas MicroPower Comerc (MPC), que tem entre os acionistas gigantes do setor de energia como Siemens e Equinor, prevê investir 1 bilhão de reais nos próximos 18 meses para implementar projetos no Brasil, disse à Reuters o presidente-executivo da companhia brasileira, Marco Krapels.

No radar da empresa controlada pela Micropower Energy, de São Francisco, estão oportunidades de fornecimento de sistemas de armazenamento associados a painéis solares, por exemplo, para atender clientes que vão desde mineradoras até empresas do setor elétrico e varejistas, disse o executivo, que foi vice-presidente da Tesla antes de assumir o comando da MPC.

Ao deixar o grupo de baterias e carros elétricos do magnata do Vale do Silício Elon Musk, Krapels, que tem dupla nacionalidade americana e holandesa, mudou-se para o Brasil no início de 2018 para lançar a MPC.

Ele se associou primeiro a uma empresa local de comercialização de eletricidade, a Comerc Energia. Posteriormente, a MPC recebeu aportes do grupo alemão de engenharia Siemens e da petroleira norueguesa Equinor.

“Já instalamos sistemas para McDonalds, Coca-Cola e Vale, e nossos projetos estão crescendo em tamanho. Teremos alguns grandes anúncios para serem divulgados ao longo do mês, ou por perto disso. Esse é um setor em expansão”, disse Krapels.

A empresa foi a primeira a instalar equipamentos da Tesla no Brasil, em um sistema implementado para a Vale no terminal de minério de ferro da Ilha Guaíba, no Rio de Janeiro.

O projeto visa reduzir custos ao substituir a energia da rede pelas baterias em momentos de pico de demanda, quando os preços da eletricidade sobem.

Mas não há uma exclusividade com a Tesla –a MPC também trabalha com equipamentos da Siemens, sócia da empresa, segundo Krapels.

Ele disse ver grande potencial no Brasil para as soluções fornecidas pela MPC, com grande potencial de mercado junto às mineradoras, ao garantir fornecimento de energia em regiões isoladas ou permitindo que as empresas se desliguem da rede elétrica nos momentos de preços mais elevados.

A empresa foi a primeira a instalar equipamentos da Tesla no Brasil (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

Pressões da sociedade e de clientes por sustentabilidade e pela preservação da natureza também deverão levar mais mineradoras a apostarem em saídas como essas, favorecendo os negócios, projetou o executivo.

Além do contrato com a Vale, a MPC fechou fornecimento de um sistema com geração solar e baterias Tesla à mineradora Buritirama, para uma mina de manganês no Pará.

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Microredes

As baterias também podem, associadas a instalações solares ou pequenas aplicações a diesel ou gás, suportar sozinhas o consumo de energia de regiões isoladas, por meio da criação de chamadas “microrredes” que dispensariam a conexão dessas localidades ao sistema elétrico interligado do Brasil, disse Krapels.

“Essas microrredes podem ser construídas em menos de seis meses e elas podem abastecer minas muito grandes ou até cidades de grande porte. Há muitas cidades remotas no Brasil abastecidas com usinas a diesel, e o diesel é tão sujo e caro… além de ser um pesadelo logístico levar diesel para essas áreas remotas”, explicou.

A MPC fechou um negócio nesse modelo com a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, para instalar uma microrrede em área isolada com baterias e sistema solar na comunidade de Xique-Xique, na cidade baiana de Remanso, disse Krapels, sem mencionar valores.

O projeto usará recursos que a Neoenergia direciona a iniciativas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e ainda está integrado ao programa federal Luz para Todos.

A MPC fechou um negócio nesse modelo com a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, para instalar uma microrrede em área isolada com baterias e sistema solar na comunidade de Xique-Xique, na cidade baiana (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

“É o primeiro projeto desse tipo, em que uma comunidade inteira é energizada por uma microgrid… particularmente na Amazônia esse é um mercado (com potencial) muito significativo para nós, e no qual estaremos muito ativos”, acrescentou Krapels.

Outros possíveis ramos de negócios envolveriam o uso dos equipamentos de armazenamento para reduzir congestionamentos na rede de transmissão de energia ou para melhorar a qualidade na distribuição, segundo ele.

O executivo comentou ainda que a MicroPower Comerc está capitalizada para seguir com seus projetos no momento, mas poderá avaliar uma nova rodada de captação de recursos junto a investidores no próximo ano.

Essa alternativa poderia ajudar a empresa a financiar um crescimento eventualmente maior que o esperado inicialmente, explicou ele, sem detalhar como se daria a captação.