MP denuncia representantes do JK Iguatemi por propina
O promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec), denunciou no dia (11/4), por corrupção ativa, Paulo Remy Gillet Neto e Willians Piovezan, representantes do Shopping JK Iguatemi, na zona sul da capital, por pagamento de propina a fiscais da Prefeitura de São Paulo. O empreendimento foi construído pela empreiteira W Torre S.A e inaugurado em 2012.
Também foram denunciados por corrupção passiva os ex-funcionários da prefeitura Ronilson Bezerra Rodrigues (Subsecretário de Finanças), Eduardo Horle Barcellos (Diretor de Arrecadações), Carlos Augusto di Lallo do Amaral (Diretor de Departamento), Luís Alexandre Cardoso de Magalhães (Auditor Fiscal de Renda), que integravam a chamada “Máfia dos Fiscais”.
Eles receberam R$ 3 milhões em propina entre outubro de 2012 e junho de 2013, para não cobrar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre Serviços (ISS) do shopping, referente à construção de uma área de mezanino entre 2 e 3 mil metros quadrados, que estaria subdimensionada, a fim de gerar menor alíquota a ser paga aos cofres municipais. O ISS também seria aumentado se a área fosse registrada corretamente. O valor que a empresa deveria pagar à prefeitura superaria os R$ 3 milhões. Eles alegavam que se o valor não fosse pago, o centro de compras poderia ser fechado e multado.
Também foi denunciado Willian de Oliveira Deiró Costa, destacado pela “Máfia dos Fiscais” para calcular o valor de IPTU e ISS a ser cobrado do shopping.
De acordo com a denúncia, o coordenador do esquema de propina era o ex-auditor fiscal Magalhães. Os R$ 3 milhões foram pagos em 20 parcelas de 150 mil. A primeira parcela, de acordo com a Promotoria, foi entregue em espécie, na boate Scandallo, frequentada por garotas de programa, no bairro do Cambuci, zona sul de São Paulo.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram uma conversa entre Magalhães e Piovezan, na época representante da W Torre S.A. Eles acertaram que o pagamento da propina seria feito no dia 2 de outubro de 2013, dentro da boate, mas não se encontraram pessoalmente. Cada um enviou um “laranja” para entregar e receber o dinheiro.
O homem destacado pela empreiteira, que não foi identificado na denúncia, teria chegado à boate numa picape. Ele teria deixado a mala com o dinheiro num guarda-volumes da casa noturna. Em seguida, o rapaz destacado pelo ex-fiscal da prefeitura pega o montante e leva até a casa de Magalhães. Cada parcela de 150 mil reais era dividida da seguinte forma: Magalhães ficava com 100 mil e repassava o restante para Rodrigues, Barcellos e Lallo.