Movida pode crescer sozinha, mas empurrão da Localiza e da Unidas seria bem-vindo
Torcer pelo sucesso dos rivais não é comum no mundo dos negócios, mas é isso que a Movida (MOVI3) tem feito, desde que a Localiza (RENT3) e a Unidas (LCAM3) comunicaram a intenção de se juntarem. O motivo, claro, é que a empresa também pode ganhar com a fusão das duas.
Em teleconferência com analistas do BTG Pactual (BPAC11), a diretoria da Movida afirmou que sua estratégia é focar no crescimento orgânico e, portanto, não conta com a aquisição de negócios que a Localiza e a Unidas teriam de vender, para que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovasse a junção, já que deterão 66% do mercado brasileiro de locação de automóveis.
Mas, mesmo que a Movida não compre nada que seja deixado para trás pela nova companhia, ainda seria beneficiada por dois fatores, segundo o BTG Pactual. Primeiro, “os mercados consolidados com players racionais têm historicamente um bom desempenho”.
O banco observa que, após a fusão da Localiza com a Unidas, a racionalização viria do ajuste da oferta, principalmente em aeroportos.
Contrapeso
O segundo benefício é que os clientes corporativos continuariam precisando de uma empresa forte, que ocupasse a vice-liderança do mercado e fosse capaz de conter qualquer ímpeto da líder para aumentar preços.
A conversa da Movida deixou uma impressão bastante positiva no BTG Pactual, a ponto de o banco elevar seu preço-alvo de R$ 18 para R$ 25, com recomendação de compra.
“Vemos a história de crescimento de longo prazo da Movida muito intacta, combinando a expansão da frota e a melhoria da execução, fechando o gap para seus principais pares”, escreveram os autores do relatório do BTG, Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Ricardo Cavalieri.