Política

Mourão convida Di Caprio para marcha em selva amazônica

19 ago 2020, 15:51 - atualizado em 19 ago 2020, 15:51
Leonardo DiCaprio
O ator tem uma fundação dedicada ao meio ambiente e defende a preservação da Amazônia (Imagem: Facebook/Leonardo DiCaprio)

Em tom de provocação, o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, fez nesta quarta-feira um convite ao astro de Hollywood Leonardo Di Caprio para fazer uma marcha pela selva amazônica para ele conhecer que a região não é uma “planície”.

“Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o nosso ator Leonardo Di Caprio, para ir comigo aqui a São Gabriel da Cachoeira para fazermos uma marcha de oito horas pela selva entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí.

Ele vai aprender em cada socavão que ele tiver que passar que a Amazônia não é uma planície e aí entenderá melhor como funcionam as coisas nessa imensa região”, disse Mourão, em pronunciamento no Fórum Mundial Amazônia +21.

Representantes do ator não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

Além de astro de filmes como “Titanic” e “Prenda-me Se For Capaz”, Di Caprio também é um proeminente ativista das causas ambientais e tem criticado políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro na defesa da floresta.

O ator tem uma fundação dedicada ao meio ambiente e defende a preservação da Amazônia. Cientistas dizem que a Amazônia é vital para conter as mudanças climáticas, devido à grande quantidade de gases do efeito estufa que a floresta absorve.

Em julho, Di Caprio elogiou no Twitter a proibição de 120 dias de incêndios na Amazônia pelo governo brasileiro, uma tentativa de conter a destruição.

Em novembro do ano passado, Bolsonaro acusou o astro de ter financiado incêndios na Floresta Amazônica, sem apresentar nenhuma prova, em mais uma tentativa do presidente em levantar culpados pelos incêndios florestais que geraram preocupação internacional.

Na ocasião, Bolsonaro parecia estar comentando postagens nas mídias sociais alegando que a organização ambientalista World Wildlife Fund (WWF) pagou por imagens tiradas por bombeiros voluntários que, em seguida, eram supostamente usadas para solicitar doações, incluindo uma contribuição de 500 mil dólares de Di Caprio.

A WWF negou ter recebido uma doação de Di Caprio ou que tenha obtido fotos dos bombeiros.

“Leonardo Di Caprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, disse Bolsonaro na ocasião.

Di Caprio negou ter doado à WWF. Em comunicado, o ator elogiou “o povo do Brasil trabalhando para salvar seu patrimônio natural e cultural”. Mas ele disse: “Embora dignas de apoio, não financiamos as organizações citadas”.

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Vilões

No evento desta quarta, Mourão afirmou que não há exportação ilegal de produtos saindo da Amazônia e ainda rechaçou acusações de que os brasileiros seriam os “vilões da sustentabilidade”.

“Não existe essa situação de que o Brasil está exportando para o resto do mundo produtos que saem ilegalmente da floresta. Se isso ocorre é numa porcentagem ínfima”, disse, afirmando ainda que a agropecuária da região amazônica não tem participação significativa nacionalmente.

No evento desta quarta, Mourão afirmou que não há exportação ilegal de produtos saindo da Amazônia (Imagem: Alan Santos/ PR)

No discurso, o vice-presidente disse que “não somos os vilões da sustentabilidade”, muito pelo contrário, destacando que o Brasil está entre os países que têm a matriz energética mais limpa do mundo. Citou ainda que o país tem mais de 60% de sua cobertura preservada, índice esse que sobe para mais de 80% na região amazônica, segundo ele.

Soberania

Mourão também afirmou que apenas reprimir ilícitos ambientais na Amazônia é insuficiente e defendeu um novo modelo de desenvolvimento para a região baseado na pesquisa e em informação sobre a rica biodiversidade da região.

O vice-presidente disse que espera como um dos resultados para o Conselho da Amazônia afirmar a soberania do Brasil sobre a Amazônia. Quer também chegar ao fim do ano com um resultado positivo com a redução nas queimadas e impedir o prosseguimento no desmatamento ilegal da floresta.

Mourão também afirmou que apenas reprimir ilícitos ambientais na Amazônia é insuficiente (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Apesar da operação de Garantia da Lei e da Ordem conduzida por militares na região amazônica desde maio, as queimadas começam a dar sinais que podem disparar, com algumas regiões registrando um crescimento de focos de incêndio.

Grandes empresas brasileiras, com negócios no exterior, também estão preocupadas com ações de desmatamento na região e têm feito pressão por medidas de órgãos públicos.

Mourão destacou ainda esperar que até o final do ano seja possível avançar na proposta de regularização fundiária das terras da Amazônia.