Mortes de civis perto de Kiev provocam comoção mundial; combates mudam para leste
A indignação se espalhou mundo afora nesta segunda-feira devido a assassinatos de civis no norte da Ucrânia, incluindo evidências de corpos amarrados baleados à queima-roupa e uma vala comum em áreas retomadas de tropas russas, enquanto os combates se intensificavam no sul e leste do país.
Taras Shapravskyi, vice-prefeito de Bucha, uma cidade a cerca de 40 quilômetros a noroeste de Kiev, disse que 50 dos cerca de 300 corpos encontrados após a retirada das forças do Kremlin no final da semana passada eram vítimas de execuções extrajudiciais realizadas por tropas russas.
Autoridades ucranianas disseram estar investigando possíveis crimes de guerra no local, descrição também usada pelo presidente francês, Emmanuel Macron. O Kremlin negou categoricamente quaisquer acusações relacionadas ao assassinato de civis na cidade.
A Reuters não pôde verificar independentemente o número de mortos ou quem foi o responsável.
Mas repórteres da Reuters em Bucha viram um homem estirado na beira da estrada, com as mãos amarradas nas costas e um ferimento de bala na cabeça. Uma vala comum em uma igreja permanecia aberta, com mãos e pés para fora da terra.
As fotos da destruição e das mortes de civis em Bucha pareciam levar os Estados Unidos e a Europa a novas sanções contra Moscou.
As imagens também devem ofuscar as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, previstas para ocorrer por videoconferência nesta segunda-feira, em meio ao cenário de bombardeios de artilharia no sul e no leste da Ucrânia, onde a Rússia diz que agora está concentrando suas operações após se retirar de Kiev.
A televisão ucraniana mostrou tanques de combustível fumegantes e caminhões de bombeiros perto da cidade portuária de Odessa, no Mar Negro. A Rússia disse que destruiu uma refinaria de petróleo usada pelos militares ucranianos.
Em Mariupol, outro município portuário estratégico do sul que está sob cerco e bombardeado há semanas, os restos de prédios residenciais e outros edifícios cercados por poeira de cimento branco e detritos dominavam o horizonte, de acordo com imagens da Reuters.
A Ucrânia diz que retirou milhares de civis nos últimos dias da cidade, um dos principais alvos da atual ofensiva da Rússia e cercada por áreas nas mãos de separatistas apoiados pela Rússia na região de Donbass.
A Ucrânia estava se preparando para o que seu comando militar disse ser cerca de 60.000 reservistas russos convocados para reforçar a ofensiva lá, enquanto a inteligência militar britânica também afirmou que tropas russas, incluindo contratados da empresa militar privada Wagner, estavam se movendo para o leste.
A Reuters não pôde confirmar de forma independente as alegações. Correspondentes da Reuters viram comboios de veículos blindados pertencentes às forças pró-Rússia perto de Mariupol.