Moro: Pré-candidato promete divulgar o quanto ganhou da Alvarez & Marsal
O pré-candidato à presidência da República Sergio Moro promete divulgar nesta sexta-feira (28) os ganhos que recebeu enquanto trabalhava na consultoria Alvarez & Marsal, que presta serviços a diversas empresas, inclusive àquelas denunciadas na Lava Jato.
Moro foi consultor da Alvarez & Marsal após pedir demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro em abril de 2020, após um ano e três meses no cargo. Ele deixou a empresa em outubro.
Na época, o ex-ministro afirmou que um dos motivos que motivaram a sua decisão foi a tentativa do presidente da República de interferir no comando da Polícia Federal.
A interferência teria vindo por meio da exoneração de Maurício Valeixo, o então diretor da PF. Bolsonaro queria Alexandre Ramagem para diretor-geral da PF, alguém que pudesse ligar para colher informações sobre investigações.
Os ganhos de Moro têm sido colocados em pauta, sobretudo por outros pré-candidatos à presidência, sob a argumentação de que prestar consultoria para empresas envolvidas na Lava Jato seria conflito de interesse, considerando que ele era juiz da operação.
Diante dos questionamentos, Moro anunciou em sua página oficial do Twitter que divulgará amanhã seus rendimentos em nome da transparência.
Criticou o Tribunal de Contas da União (TCU), especificamente o ministro Bruno Dantas, que já havia determinado no ano passado que a consultoria revelasse quando pagou ao ex-ministro.
“Tem um ministro do TCU [Bruno Dantas] que quer investigar o que eu fiz no setor privado depois de deixar o cargo de ministro da Justiça. É um abuso esse processo, cheio de ilegalidades. De todo modo, eu quero ser transparente, quero acabar com essa história e com todas essas mentiras”.
“Eu vou divulgar na sexta-feira todas essas informações, quanto que eu ganhei, quanto que eu recebi, mostrar que eu não recebi nada de empresa investigada na Operação Lava Jato. Quem fala isso, mente. (…) Não tô cedendo ao TCU, o TCU tá abusando. Mas eu quero ser transparente com você, com a população brasileira, como toda pessoa pública deve ser”.
Apesar da natimorta CPI e das ilegalidades do processo no TCU, eu, por consideração aos brasileiros e em nome da transparência que deve pautar a política, na sexta divulgarei meus rendimentos na empresa em que trabalhei. pic.twitter.com/LlF4TEUmDF
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 26, 2022
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), que entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo a abertura de inquérito para apurar as relações, condições e os valores envolvidos no contrato entre Moro e a Alvarez & Marsal, declarou que a decisão de divulgar os rendimentos foi motivada por “temor de ser obrigado a fazê-lo por decisão judicial”.
A entidade ainda afirmou que “o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro não fará mais que sua obrigação para com a sociedade brasileira divulgando os dados, coisa que já deveria ter feito desde quando questionado”.
Pré-candidatura
O ex-juiz filiou-se ao Podemos em novembro do ano passado e anunciou sua pré-candidatura pela sigla para a presidência da República nas Eleições de 2022.
Ele é considerado até então a principal alternativa a Lula e Bolsonaro, a tal da “terceira via”, já que ambos lideram a corrida eleitoral, segundo apontam as pesquisas de intenção de voto.
Pesquisa da XP/Ipespe divulgada na manhã desta quinta-feira (27) mostra Moro em terceiro lugar, com 4%, atrás de Bolsonaro (23%) e Lula (35%).
O ex-ministro ganhou notoriedade com a Operação Lava Jato. Além do discurso anti-corrupção, o atual pré-candidato se tornou um dos principais antagonistas do ex-presidente Lula (PT), ao ter sido o juiz responsável pela sua prisão.