Moro afirma que “apoio pessoal de Bolsonaro a Putin não representa os brasileiros”
Em seu perfil no Twitter, o pré-candidato à presidência, Sergio Moro, afirmou que “o apoio pessoal dado por Bolsonaro a Putin não representa os sentimentos e desejos do povo brasileiro”.
Moro fez a publicação em resposta à afirmação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no domingo (27), de que “não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre” e que “o Brasil vai continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução”.
O tuite de Moro, feito em inglês, continua afirmando que “depois de cinco dias, a Ucrânia ainda resiste corajosamente. Nossa solidariedade está com o povo ucraniano desde o primeiro dia”.
Para o pré-candidato e ex-ministro do governo Bolsonaro, “a ambiguidade do governo brasileiro está errada”.
After five days, Ukraine still bravely stands. Our solidarity is with the ukrainian people since day one. The ambiguity of the Brazilian Government is wrong and the personal support given by Bolsonaro to Putin does not represent the feelings and wishes of the Brazilian people.
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 28, 2022
No dia da invasão, na quinta-feira (24), o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que “o Brasil não concorda com a invasão da Ucrânia”.
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, disse Mourão na chegada ao Palácio do Planalto.
Em nota, o Itamaraty afirmou que “o Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia”.
Já Bolsonaro, no dia, se limitou a fazer uma série de tuites sobre o retorno de brasileiros que estão em regiões ucranianas ao país.
Na quinta, ele disse que “está totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”.
Bolsonaro também afirmou que “caso [os brasileiros] necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações do serviço consular da Embaixada”.
Entenda o conflito Rússia e Ucrânia
O conflito entre russos e ucranianos não é nada novo em termos históricos.
Até 1991, a Ucrânia fazia parte da União Soviética, quando teve sua independência declarada. Com o colapso da URSS, a união do país foi algo difícil de ser feito, principalmente entre as regiões leste e oeste.
A Ucrânia, então, era o terceiro país com maior poderio de armas atômicas no mundo.
Os EUA e a Rússia trabalharam em conjunto com o país para desnuclearizá-lo, e os ucranianos deram suas armas nucleares para a Rússia em troca de um acordo que prometia a segurança de seus territórios de futuros ataques e invasões russos.
A transição para o capitalismo e para a democracia foi caótica, em especial no leste – o que pode ajudar a explicar a existência de territórios separatistas como os reconhecidos por Putin.
Em 2014, a Crimeia foi ocupada e anexada pela Rússia, logo após uma onda de separatismo que marcou as regiões ao leste da Ucrânia. Com a morte do presidente ucraniano que, à época, era favorável aos russos, houve uma invasão. E a relação entre os dois países nunca mais foi a mesma.
A crise deste ano, no entanto, começou com a possível entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que inclui países como Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.
Para Putin, a Ucrânia não deve se tornar membro da aliança militar, permanecendo como “um Estado-tampão e neutro”. Entre uma série de exigências, o presidente russo pediu que a Otan interrompesse sua expansão para o leste, retrocedendo o envio de tropas em países que se juntaram após o ano de 1997.
Os países-membros da Organização, então, negaram as exigências de Putin e, apesar de os EUA (e a Rússia) saberem que a Ucrânia não vai entrar tão cedo para a aliança, para Putin a menção de uma provável entrada é uma ameaça à segurança de seu país.
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