Morgan Stanley vê margens de lucro na Europa em níveis de 2008
As margens de lucro de empresas europeias correm risco de cair para o menor patamar em mais de uma década, diante do cenário de crise de energia e inflação nas alturas, segundo estrategistas do Morgan Stanley.
“O poder de precificação das empresas começa a diminuir, com isso, o cenário para as margens ficará muito mais difícil no próximo ano”, escreveram estrategistas liderados por Graham Secker em nota. “Nosso indicador de margens aponta para o maior declínio desde a crise financeira global.”
A previsão é um forte contraste com a temporada de balanços do segundo trimestre, que provou ser muito melhor do que se temia e impulsionou um rali das bolsas em meados do ano. Um índice do Citigroup mostra que o número de empresas europeias com melhora na previsão de lucro novamente supera os cortes de projeções, mas estrategistas do Morgan Stanley dizem que as estimativas de analistas parecem “muito otimistas”.
O agravamento da crise energética afeta ainda mais as perspectivas para ações de companhias europeias. O índice de referência da região já devolveu a maior parte dos ganhos desde a mínima de julho. E, na segunda-feira, chegou a cair 1,9% com a decisão da russa Gazprom de interromper a oferta a partir de seu principal gasoduto, sem prazo para retomar as operações. Estrategistas alertaram que um corte total do gás russo poderia provocar uma profunda recessão na zona do euro e encolher os lucros corporativos.
Secker, do Morgan Stanley, espera mais perdas para ações regionais, mesmo que a tendência baixista para investimentos e baixo posicionamento sugiram que boa parte das más notícias já tenha sido precificada.
Com o risco adicional de um grande aumento da taxa básica do Banco Central Europeu, a relação preço-lucro de 12 meses das ações corre o risco de cair outros 15% em relação aos níveis atuais, disse.
Nem todos compartilham o pessimismo. Mislav Matejka, do JPMorgan Chase, afirmou que o ritmo subjacente de crescimento na zona do euro é “encorajador”, apesar da incerteza geopolítica. Ele espera que os lucros globais mostrem desempenho “muito melhor desta vez do que durante as crises anteriores”, disse em nota na segunda-feira.
Os estrategistas da Bloomberg Intelligence, Laurent Douillet e Tim Craighead, também não esperam um impacto adicional nos lucros europeus devido ao recente corte de gás russo, “já que isso reduz a oferta total em apenas 3% em relação à nossa previsão inicial”. Ainda assim, alertaram que uma suspensão completa de todas as entregas da Rússia é “o principal risco”.
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