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Morgan Stanley recomenda aposta na inclinação da curva de DI com expectativa de volta do ruído fiscal

05 mar 2025, 13:38 - atualizado em 05 mar 2025, 13:38
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(imagem: Getty Images)

Março deve trazer mais ruído fiscal ao Brasil, avalia o Morgan Stanley em relatório a clientes nesta quarta-feira, assinado pela estrategista Ioana Zamfir, recomendando apostar na inclinação da curva futura de juros no Brasil.

“Esperamos que o sentimento fiscal continue sendo um direcionador significativo dos ativos brasileiros este ano, especialmente devido aos riscos de gastos incrementais associados à eleição de 2026”, afirmou.

Zamfir destacou que, uma vez que as manchetes locais permaneceram um tanto silenciosas nos últimos dois meses, valuations baratas se traduziram notavelmente em expectativas de taxas terminais mais baixas e moeda mais forte.

E citou que o prêmio de risco de inflação permaneceu volátil no acumulado do ano, com o índice de preços dos principais serviços ainda firme enquanto as expectativas para o IPCA na pesquisa Focus continuaram a subir, mas em ritmo muito mais gradual.

Passado o Carnaval, acrescentou, o Congresso deve votar a proposta de Orçamento de 2025 — provavelmente após 10 de março — e o governo deve divulgar seu relatório fiscal bimestral — até 22 de março, com possibilidade de adiamento, segundo ela, por causa do Orçamento.

“Nossos economistas notaram que os gastos no Brasil são limitados a 1/12 do valor sugerido na ausência de um orçamento aprovado para 2025, o que implica que os incentivos seriam enviesados para uma votação mais rápida.”

Além disso, pontuou a estrategista, as manchetes sobre a preocupação do governo com os preços mais altos dos alimentos provavelmente persistirão, com riscos assimétricos em direção ao apoio fiscal.

Zamfir ainda chamou a atenção para a piora na avaliação da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pesquisas recentes.

Em paralelo, ela afirmou que os riscos de crescimento menor continuam em mente, como ecoado por um abrandamento mais significativo nos indicadores de confiança embora até agora os dados concretos continuaram a mostrar resiliência.

“O aperto da política monetária está levantando preocupações sobre as perspectivas de crescimento… No mês passado, os riscos de uma desaceleração mais pronunciada do crescimento no Brasil até o fim do ano foram um foco importante das nossas conversas com investidores”, revelou no relatório.

Para a estrategista do Morgan Stanley, a combinação de crescimento e preocupações fiscais deve impulsionar uma inclinação incremental na curva DI.

“Notamos que a curva DI está atualmente precificando apenas cerca de 50 pontos básicos de flexibilização nos próximos dois anos, apesar das crescentes preocupações com o crescimento. Em outras palavras, estamos precificando uma postura do Banco Central ‘mais alta por mais tempo’.”

Ela atribuiu esse quadro a uma combinação de fatores, incluindo expectativas de que a fraqueza futura dos dados poderia ser enfrentada com uma resposta fiscal do governo, e à postura ainda agressiva — embora mais branda — do BC.

No entanto, disse avaliar que o país está em um estágio maduro o suficiente do ciclo de alta que já está permitindo que a curva DI comece a se desinverter entre a parte mais curta e a “barriga” (trecho intermediário).

“E esperamos que esse ímpeto continue”, acrescentou, recomendando ficar vendido (que se beneficia da queda da taxa) no DI com vencimento 2027 e tomado (que se beneficia da alta da taxa) no prazo janeiro 2031, mirando 60 pontos básicos.

Na visão de Zamfir, se o ruído fiscal aumentar novamente como ela espera, as preocupações contínuas com o crescimento provavelmente manterão a parte curta da curva melhor ancorada, e o prêmio fiscal deve impactar mais os prazos mais longos.

E se o ruído fiscal permanecer contido, então o prêmio nos prazos mais curtos para ‘maior por mais tempo’ recuaria, já que a curva provavelmente começaria a precificar mais flexibilização dentro do horizonte de dois anos, de apenas 50 pontos hoje.

Um risco para essa operação inclui um aumento mais acentuado nas expectativas de inflação ou dados de atividade que levariam a outra rodada de um posicionamento mais “hawkish” pelo BC.

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reuters@moneytimes.com.br
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