Morgan Stanley rebaixa São Martinho (SMTO3) com ‘mercado sob pressão’ e ação cai; entenda os motivos
O Morgan Stanley atualizou nesta manhã seu relatório de oferta e demanda global no mercado de açúcar e etanol, esperando um superávit. A instituição enxerga como improvável que as ações do setor superem o mercado sob pressão.
Assim, o banco rebaixou São Martinho (SMTO3) de equal-weight (neutro) para underweight (venda), com preço-alvo saindo de R$ 35 para R$ 26.
No Ibovespa, os papéis encerraram a sessão com queda de 1,36%, a R$ 26,08.
O banco projeta um superávit de 2,9 milhões de toneladas de açúcar em 2023/24, com a maior produção global resultante de uma safra brasileira recorde em 2023/24 (abril-março), o ritmo acelerado contínuo da safra 2024/25 e uma produção melhor do que a esperada na Índia.
Segundo a analista Julia Rizzo, que assina o relatório, os preços do açúcar devem se manter pressionados, girando entre US$ 0,19 e US$ 0,18 a libra/peso, que corresponde a cerca de 450 gramas, para 2023/24 e 2024/25, respectivamente, abaixo dos US$ 0,235 e US$ 0,22, devido ao crescimento da produção e aos níveis médios de estoque.
“No Brasil, o preço do etanol subiu, fechando a lacuna de paridade com a gasolina devido à forte demanda. No entanto, ele continua deprimido, sendo negociado com desconto em relação ao açúcar. Esperamos que a produção de etanol caia em 2024/25 para 34 bilhões de litros devido à menor produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil (CS), apenas parcialmente compensada pela maior demanda de etanol de milho”, vê Rizzo.
Morgan Stanley reduz estimativas para São Martinho
A instituição reduziu suas estimativas de Ebitda da São Martinho para 2025 e 2026 em -6% e -23%, respectivamente, para R$ 3,5 bilhões e R$ 3,14 bilhões, -0,2% e -12,5% abaixo do consenso.
Segundo o banco, a atualização para São Martinho se dá pelos preços estimados do açúcar 6% mais baixos em 2024/25, de R$ 2.511/t, abaixo dos R$ 2.668/t anteriormente, apenas parcialmente compensados pelos preços mais altos do etanol (em R$ 2.715, +5,6% vs. estimativa anterior).
“Estimamos que o FCF (Fluxo de Caixa Livre), excluindo o investimento em expansão, seja de R$ 1,1 bilhão para a safra 2024/25, a partir de um preço de R$ 2.511/t para o açúcar e preços do etanol aumentando 12% anualmente, para R$ 2.715, e produção de ATR de 3.136 toneladas, 0,6% menor na comparação anual, em linha com o guidance e menores custos de caixa, que dão suporte para um aumento de 14% no EBITDA em 2025 para R$ 3,5 bilhões contra R$ 3 bilhões em 2024”, explica.
No entanto, dada a perspectiva de preços mais baixos em 2025/26 e pouca posição de hedge, o Morgan Stanley estima que o FCF caia significativamente no próximo ano.