Mercados

Morgan Stanley: Percepção de risco no Brasil está mais positiva

21 maio 2019, 10:50 - atualizado em 21 maio 2019, 11:36
Wealth Management utiliza conceito de reflexividade para avaliar visão distorcida dos mercados

A equipe de Wealth Management do Morgan Stanley divulgou relatório semanal, avaliando o cenário macroeconômico e apontando sua visão diante dos acontecimentos recentes.

Inicialmente, os analistas relembram o conceito de George Soros da reflexividade, no qual as rotas de mercado eram parcialmente auto-referenciais para então serem auto-curáveis. Ou seja, a visão distorcida afeta a realidade pela qual enxerga-se o todo.

“Quando os realizadores de política monetária superestimam a crença de que os mercados e a “sabedoria das multidões” são exclusivamente e puramente racionais, eles reagem de forma excessiva ao ruído, criando distorções de preços nos mercados”, avalia a equipe do Wealth Management.

Neste sentido, a recente estabilidade dos mercados parecia se ancorar no pensamento auto-referencial de que a ação do mercado em si presumia-se a acelerar acordo comercial rápido entre os EUA e China, além de persuadir o Federal Reserve na flexibilização monetária.

“Vemos esta tese como arriscada, porque elimina as complexidades da situação comercial e ignora os fundamentos econômicos em deterioração”, destaca a instituição.

Brasil: maior percepção de risco nos juros

Os analistas alteraram algumas premissas para o Brasil em relação à última semana. “Os juros mudaram para uma percepção de risco positiva ao invés da percepção neutra de risco, tendo em vista que a curva de juros alongou”, afirmam os analistas.

A divisão de Wealth Management acredita a curva de juros está steepening (com alongamento), contudo com tendência de flattening (achatamento). Na última semana, a curva de juros detinha, para o Morgan Stanley, tendência de flattening dentro da normalidade.

Por sua vez, a inflação manteve a expectativa de tendência ascendente, sendo entre baixo e moderado o ritmo. Já a liquidez aumenta, ao invés de diminuir como na última semana, e é neutra tanto no sistema bancário quanto na economia.

Inflação ascendente, com melhora da liquidez e alongamento da curva de juros, com tendência de achatamento

O crescimento econômico permanece em tendência de alta, porém com ritmo relativamente neutro, ou seja, sem presença de gatilhos substanciais. Igual na semana anterior, a confiança e o risco também permanecem neutros, porém se tornando mais bearish (expressão usada no mercado para indicar maior cautela e menor propensão ao risco).

Um ponto chama atenção: “os ativos de risco estão ricamente avaliados”, afirma a equipe de Wealth Management do Morgan Stanley, com tendência de inclinação negativa nos próximos meses, com “descendência nos valuations.
Mais uma vez, a “estabilidade política dando suporte à recuperação” permanece como ponto positivo no Brasil, em um viés de médio prazo, em comparação à turbulência vista nos governos anteriores.

Cabe destacar que, pela natureza da divisão de Wealth Management, de manutenção do capital ao invés de multiplicação, as premissas e projeções adotam tom mais conservador.

Emergentes com P/L baixo

Dentre as classes de ativos existentes na renda variável de todo o mundo, os mercados com P/L (Preço/Lucro) mais baixo permanecem os emergentes, com relação de 11,7 vezes – leve recuo frente a relação de 11,9 vezes vista na última semana.

Para efeitos de comparação, os P/L dos índices S&P 500 e MSCI AC World estão atualmente na casa de 16,4 vezes e 14,7 vezes, respectivamente. A relação para o índice dos EUA era de 16,5 vezes na última semana, e a do benchmark mundial, era a mesma, de 14,7 vezes.

Setor financeiro descontado

Em relação aos setores do S&P 500, os múltiplos mais atrativos em 12 meses de acordo com a equipe de análise são os do setor financeiro, com P/L de 11,6 vezes, ante relação de 12,1 vezes na semana anterior.

Por sua vez, o setor com o múltiplo mais esticado é o de “Consumer Discretionary” (setor com bens sem necessidade básica de consumo), na casa de 20,8 vezes – recuo em relação à última projeção, na casa de 21,1 vezes.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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