Morgan Stanley: Percepção de risco no Brasil está mais positiva
A equipe de Wealth Management do Morgan Stanley divulgou relatório semanal, avaliando o cenário macroeconômico e apontando sua visão diante dos acontecimentos recentes.
Inicialmente, os analistas relembram o conceito de George Soros da reflexividade, no qual as rotas de mercado eram parcialmente auto-referenciais para então serem auto-curáveis. Ou seja, a visão distorcida afeta a realidade pela qual enxerga-se o todo.
“Quando os realizadores de política monetária superestimam a crença de que os mercados e a “sabedoria das multidões” são exclusivamente e puramente racionais, eles reagem de forma excessiva ao ruído, criando distorções de preços nos mercados”, avalia a equipe do Wealth Management.
Neste sentido, a recente estabilidade dos mercados parecia se ancorar no pensamento auto-referencial de que a ação do mercado em si presumia-se a acelerar acordo comercial rápido entre os EUA e China, além de persuadir o Federal Reserve na flexibilização monetária.
“Vemos esta tese como arriscada, porque elimina as complexidades da situação comercial e ignora os fundamentos econômicos em deterioração”, destaca a instituição.
Brasil: maior percepção de risco nos juros
Os analistas alteraram algumas premissas para o Brasil em relação à última semana. “Os juros mudaram para uma percepção de risco positiva ao invés da percepção neutra de risco, tendo em vista que a curva de juros alongou”, afirmam os analistas.
A divisão de Wealth Management acredita a curva de juros está steepening (com alongamento), contudo com tendência de flattening (achatamento). Na última semana, a curva de juros detinha, para o Morgan Stanley, tendência de flattening dentro da normalidade.
Por sua vez, a inflação manteve a expectativa de tendência ascendente, sendo entre baixo e moderado o ritmo. Já a liquidez aumenta, ao invés de diminuir como na última semana, e é neutra tanto no sistema bancário quanto na economia.
O crescimento econômico permanece em tendência de alta, porém com ritmo relativamente neutro, ou seja, sem presença de gatilhos substanciais. Igual na semana anterior, a confiança e o risco também permanecem neutros, porém se tornando mais bearish (expressão usada no mercado para indicar maior cautela e menor propensão ao risco).
Um ponto chama atenção: “os ativos de risco estão ricamente avaliados”, afirma a equipe de Wealth Management do Morgan Stanley, com tendência de inclinação negativa nos próximos meses, com “descendência nos valuations.
Mais uma vez, a “estabilidade política dando suporte à recuperação” permanece como ponto positivo no Brasil, em um viés de médio prazo, em comparação à turbulência vista nos governos anteriores.
Cabe destacar que, pela natureza da divisão de Wealth Management, de manutenção do capital ao invés de multiplicação, as premissas e projeções adotam tom mais conservador.
Emergentes com P/L baixo
Dentre as classes de ativos existentes na renda variável de todo o mundo, os mercados com P/L (Preço/Lucro) mais baixo permanecem os emergentes, com relação de 11,7 vezes – leve recuo frente a relação de 11,9 vezes vista na última semana.
Para efeitos de comparação, os P/L dos índices S&P 500 e MSCI AC World estão atualmente na casa de 16,4 vezes e 14,7 vezes, respectivamente. A relação para o índice dos EUA era de 16,5 vezes na última semana, e a do benchmark mundial, era a mesma, de 14,7 vezes.
Setor financeiro descontado
Em relação aos setores do S&P 500, os múltiplos mais atrativos em 12 meses de acordo com a equipe de análise são os do setor financeiro, com P/L de 11,6 vezes, ante relação de 12,1 vezes na semana anterior.
Por sua vez, o setor com o múltiplo mais esticado é o de “Consumer Discretionary” (setor com bens sem necessidade básica de consumo), na casa de 20,8 vezes – recuo em relação à última projeção, na casa de 21,1 vezes.