Morgan Stanley: Para entender guerra comercial, veja o jogo, não os passos
Na teoria dos jogos, dentro da microeconomia, existe o dilema clássico dos prisioneiros, no qual avalia-se o dilema entre cooperar e trair. De forma sucinta, dois suspeitos são presos pela polícia, que não detém provas suficientes para os condenar. Desta forma, oferece-se dois acordos, no qual a traição prevalece como equilíbrio ineficiente.
Tomando como base o dilema clássico, o Morgan Stanley avalia as ações tomadas por EUA e China, bem como lista prognósticos para os próximos passos.
Para a instituição, as maiores questões levantadas pelos investidores são as seguintes: será que os EUA negociarão com a China no curtíssimo prazo? O que os negociadores realmente pensam? Durará três semanas ou três meses? Como ocorrerá o evento do G20?. “Nossa resposta: as perguntas podem ser as erradas”, avaliam os analistas.
O banco norte-americano acredita que, ao invés dos investidores focarem sua atenção nos próximos catalisadores de curto prazo, o mercado deve entender como funciona a dinâmica da teoria dos jogos: o dilema dos prisioneiros ser jogado, de forma repetitiva, por ambos os lados da disputa comercial.
Payoffs e projeções
“Os conflitos atuais zeram os payoffs, indicando que a escalada é preferível atualmente do que um pais ir ao encontro da demanda do outro”, avalia o Morgan Stanley, ressaltando que o payoff para a cooperação reduziu drasticamente. Para a mudança do resultado esperado, a junção entre possível enfraquecimento do crescimento e da confiança dos investidores podem ajudar na resolução do acordo no comércio internacional.
A instituição acredita que a dinâmica atual deve pressionar ativos de risco e levará yields de Treasuries. “Se os mercados de risco não precificarem a cooperação em breve, a escalada provavelmente causará erosão econômica suficiente para movimentar os mercados em pouco tempo”, ponderam os analistas.
Neste sentido, o Morgan Stanley projeta que a extensão das tarifas atuais deverá minar o PIB da China em 20 pontos-base. Já o nível do produto nos EUA deverá recuar 0,3 ponto percentual.
Subestimação em foco
“Um período mais longo nas tensões comercias, incluindo novas tarifas de US$ 300 bilhões das exportações remanescentes da China para os EUA, coloca em risco 100 pontos-base no crescimento global e pressiona o Federal Reserve para realizar cortes repetidos no juro básico”, concluem os analistas.
Por fim, o banco destaca que essas possibilidades mais pessimistas não estão precificadas, com certa subestimação do impacto negativo destes cenários.