Bancos

Morgan Stanley diz que giro do Fed não resolve queda de lucros

03 out 2022, 11:05 - atualizado em 03 out 2022, 11:05
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Na semana passada, o estrategista disse que as bolsas dos EUA estão nos “estágios finais” do mercado baixista e que poderiam passar por um rali no curto prazo (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Michael J. Wilson, que está entre os estrategistas mais cautelosos de Wall Street, diz que, embora um giro “dovish” da política monetária do Federal Reserve seja cada vez mais provável em meio à menor oferta monetária, isso não elimina o risco de uma forte queda dos lucros corporativos.

O aperto da liquidez no sistema financeiro global entra em uma “zona de perigo”, onde acidentes econômicos tendem a acontecer, o que eleva as chances de o Fed reiniciar a flexibilização quantitativa, escreveu o estrategista do Morgan Stanley em nota no domingo.

Isso pode levar a uma recuperação dos índices acionários, disse, mas não muda a preocupação do Morgan Stanley sobre as perspectivas para os lucros.

“Um giro do Fed, ou a antecipação de um, ainda pode levar a fortes ralis”, disse Wilson. “Basta ter em mente que a luz no fim do túnel que talvez você veja – caso isso aconteça – é, na verdade, o trem de carga da recessão de lucros que se aproxima e que o Fed não pode parar.”

Wilson, que previu a onda vendedora do mercado acionário deste ano, escreveu que a taxa de variação anual da oferta monetária em dólares para os EUA, China, zona do euro e Japão entrou em território negativo pela primeira vez desde março de 2015, período que imediatamente precedeu uma recessão industrial global. Esse aperto é insustentável, “e o problema pode ser resolvido pelo Fed, se assim o desejar”, acrescentou.

Na semana passada, o estrategista disse que as bolsas dos EUA estão nos “estágios finais” do mercado baixista e que poderiam passar por um rali no curto prazo, pouco antes da temporada de balanços, para depois voltarem a enfrentar perdas.

Wilson vê uma possível mínima para o S&P 500 no fim deste ano ou no início do próximo, no nível de 3.000 a 3.400 pontos. Isso implica queda de até 16% em relação ao fechamento da sexta-feira.

Estrategistas do Credit Suisse, sob coordenação de Jonathan Golub, reduziram na segunda-feira sua meta de fim de ano para o S&P 500 em 10%, para 3.850 pontos, o que se traduz em uma alta de 7,4% em relação ao fechamento da sexta-feira.

Em outro relatório, os estrategistas iniciaram sua meta para o fim de 2023 em 4.050, com um ganho estimado de apenas 5,4% naquele ano.

O rápido declínio do crescimento nominal do PIB deve resultar em receitas menos sólidas para empresas, enquanto a desaceleração da inflação combinada com salários desafiadores deve levar à retração da margem em 2023, segundo os estrategistas.

Além disso, as preocupações com a recessão devem pesar nas recompras, avaliam.

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