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Moody’s rebaixa rating da CSN por liquidez apertada e falta de balanço de 2016

18 jul 2017, 1:23 - atualizado em 05 nov 2017, 13:59

CSN

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

A Moody’s América Latina (“Moody’s”) rebaixou o rating em escala global da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para Caa2 de Caa1 e o rating em escala nacional brasileira (NSR) para Caa2.br de B3.br. A perspectiva permanece negativa.

O rebaixamento, segundo a Moody’s, reflete a posição de liquidez apertada da CSN, que é complicada pelo fato de a companhia não ter publicado ainda o balanço financeiro auditado relativo ao ano fiscal de 2016 e pela preocupação sobre potenciais pressões de liquidez que, em consequência, possam surgir. A Moody´s reconhece que a companhia tem focado em ações que estão sob seu controle e que tem trabalhado com o auditor para divulgar o balanço nos próximos meses.

A agência lembra que, em 27 de março, a CSN anunciou que adiaria a divulgação dos resultados financeiros auditados relativos ao ano fiscal de 2016. O motivo foi a revisão do tratamento contábil determinado para a transação feita em 30 de novembro de 2015 com a Congonhas Minérios, que resultou na combinação dos negócios de mineração e dos ativos de logística relacionados. Esta revisão terá impacto nas demonstrações financeiras para o ano fiscal encerrado em dezembro de 2015 e, consequentemente, para os saldos iniciais de 2016.

Embora a CSN tenha divulgado indicadores operacionais selecionados para o ano fiscal de 2016 e o primeiro trimestre de 2017 em 28 de março e 15 de maio, respectivamente, a companhia não está em conformidade com as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and Exchange Commission (SEC) para divulgação de resultados, bem como com os termos de vários instrumentos de dívida que incluem a divulgação de resultados anuais auditados até 31 de março e 30 de abril de 2017.

A CSN está trabalhando com credores que notificaram a companhia e obteve waivers para acomodar o adiamento da publicação dos resultados. Um atraso prolongado, porém, embute risco de que os credores tomem ações que possam levar a uma declaração de default técnico, seguida pela aceleração de pagamentos após o período de carência de um acordo específico, lembra a Moody’s. Além disso, a ausência de resultados financeiros auditados limita a disponibilidade de informações adequadas para o monitoramento dos ratings.

Estrutura insustentável e necessidade de vender ativos

Os ratings Caa2 refletem, principalmente, segundo a Moody’s, os desafios encontrados pela CSN nos seus principais mercados e segmentos e a probabilidade de que as métricas de crédito da CSN se recuperem lentamente nos próximos 12 a 18 meses, bem como a estrutura de capital insustentável da companhia.

Em consequência, a companhia dependerá de venda de ativos, aumento de capital ou de um refinanciamento da dívida para reduzir seus níveis de endividamento. “Embora acreditemos que a CSN esteja melhor posicionada que seus pares, de um ponto de vista operacional como líder na fabricação de aço plano laminado no Brasil (com um mix de produção favorável focado em produtos de alto valor agregado), as métricas de crédito fracas, incluindo a elevada alavancagem, o baixo índice de cobertura de juros e as métricas de fluxo de caixa pressionadas são os principais fatores que limitam os ratings”, afirma a agência. “Contudo, esperamos ver certa melhora baseada na recuperação gradual do setor siderúrgico brasileiro e nos preços mais altos para o minério de ferro em comparação aos níveis observados no final de 2015/início de 2016.”

Caixa versus vencimentos

No final de setembro de 2016, a CSN tinha um saldo de R$ 5,4 bilhões em caixa, enquanto no final de março de 2017 tinha R$ 5,1 bilhões. Embora a liquidez seja adequada para o cumprimento das obrigações financeiras em 2017 – aproximadamente R$ 1,5 bilhão em amortização de dívida – , o risco de liquidez aumentou, uma vez que há um cronograma significativo de amortizações a partir do ano que vem.

Para 2018, a companhia tem R$ 5,6 bilhões em amortizações de dívida, montante que é de R$ 7,2 bilhões em 2019 e de R$ 8 bilhões em 2018, incluindo dívida bancária e títulos de dívida (bônus). Em 2015, a companhia anunciou a extensão do prazo de vencimento, para entre 2018 e 2022, de uma dívida de R$ 2,57 bilhões com a Caixa Econômica Federal, que originalmente venceria em 2016 e 2017; com o Banco do Brasil, o prazo da dívida de R$ 2,2 bilhões com vencimentos em 2016 e 2017 foi estendido para entre 2020 e 2022.

Estes compromissos começam a vencer no ano que vem. Além disso, a companhia possui R$ 1,95 bilhão em títulos de dívidas (bônus) com vencimentos em 2019-2020. A CSN tem trabalhado com seus principais credores para readequar esses vencimentos e estender o cronograma de amortizações, o que, se bem sucedido, reduzirá as pressões de liquidez. No entanto, esse processo pode ser adiado até que a empresa divulgue as demonstrações financeiras auditadas.

Situação difícil para mineradoras

A perspectiva negativa reflete a expectativa de que as condições de mercado para os fabricantes de aço no Brasil, e para os de minério de ferro globalmente, continuarão desafiadoras, sujeitas a riscos de desaceleração, e que as métricas de créditos provavelmente seguirão pressionadas nos próximos 12 a 18 meses. A perspectiva também reflete as elevadas pressões de liquidez que a CSN enfrenta e a estrutura de capital insustentável em um período de geração de fluxo caixa limitada.

Os ratings podem sofrer pressão negativa adicional se a companhia entrar em um processo de reestruturação de dívida que envolva perdas significativas para os credores, alerta a Moody’s.

Para uma melhora do rating será preciso que a CSN ajuste sua estrutura de capital, com alavancagem ajustada na faixa de dívida total ajustada/Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 6,5x e índice de cobertura de juros (medido pelo EBIT sobre despesas com juros) acima de 1,5x em uma base sustentada.

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