Moody’s melhora perspectiva para setor de etanol e açúcar do Brasil
A agência de classificação de riscos Moody’s alterou a perspectiva da indústria de açúcar e etanol do Brasil de negativa para estável, informou a companhia nesta quarta-feira, citando o aumento da demanda pelo etanol do país.
Além disso, a Moody’s vê também um potencial de melhora para os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) do setor em 2020, na comparação com a safra anterior.
“Vemos aumento de 5% nos preços do etanol em 2019/20 na esteira de forte demanda doméstica, sustentando o prêmio do etanol sobre o açúcar”, disse em nota o vice-presidente da Moody’s, Erick Rodrigues.
“Apesar dos preços favoráveis do etanol, os baixos preços do açúcar limitam um aumento mais robusto do Ebitda em 2019/20.”
No acumulado de 2019 até novembro, diante de demanda já aquecida e com o chamado mix de produção favorecendo o biocombustível, as usinas do centro-sul brasileiro produziram um recorde de 31,72 bilhões de litros de etanol, de acordo com dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) na terça-feira.
Para o próximo ano, a Moody’s prevê que a demanda por etanol deve crescer ainda mais em razão do início do programa federal RenovaBio, que busca alavancar o consumo de combustíveis renováveis no país e ajudar na redução das emissões de poluentes.
“No segmento de açúcar, a produção deve permanecer baixa enquanto o etanol oferece prêmio. Com a baixa produção, os preços internacionais do açúcar devem se recuperar gradualmente, fechando a lacuna de preço com o etanol nas próximas duas ou três safras”, acrescentou a agência em comunicado.
Os contratos futuros do açúcar bruto na ICE se recuperaram recentemente e têm sido negociados em máximas de nove meses, a cerca de 13,40 centavos de dólar por libra-peso, apoiados por coberturas de vendidos por fundos e pelas estimativas de déficit para 2019/20.
Proteína Animal
Em comunicado à parte, a Moody’s também disse ver perspectiva positiva para o setor de proteína animal da América Latina em 2020, com as fortes exportações para a China e o mercado doméstico brasileiro posicionado para recuperação.
“Uma escassez na China causada por um surto de peste suína africana melhora a perspectiva para todos os tipos de proteína”, afirmou a vice-presidente sênior da Moody’s, Barbara Mattos, acrescentando que uma recuperação interna também permite que o foco seja mantido em produtos de margens elevadas.
A carne bovina brasileira, no centro das atenções devido à forte demanda chinesa e à consequente elevação dos preços locais, deve quebrar recorde de exportação em 2020, com 2,067 milhões de toneladas, segundo previsão da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Nessa toada, tanto produção quanto exportação das carnes suína e de aves do Brasil também devem avançar em 2020, de acordo com previsões do Rabobank.,.