Setor Automotivo

Montadoras esperam nova queda de produção em dezembro por falta de componentes, diz Anfavea

06 dez 2021, 12:27 - atualizado em 06 dez 2021, 12:27
Automóveis Indústria
A indústria teve o pior novembro em vendas desde 2005, afetada pela crise de oferta, e deve promover férias coletivas neste mês diante da falta de componentes, afirmou o presidente da Anfavea (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

As montadoras instaladas no país devem produzir em dezembro volume menor de veículos que o montado em novembro, ainda pressionadas pelas crises logísticas e de oferta de componentes como semicondutores, projetou nesta segunda-feira a associação que representa o setor, Anfavea.

A indústria teve o pior novembro em vendas desde 2005, afetada pela crise de oferta, e deve promover férias coletivas neste mês diante da falta de componentes, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, nesta segunda-feira, a jornalistas.

“Com certeza, o número de dezembro vai ser menor (que novembro)”, disse Moraes durante apresentação do desempenho do setor em novembro.

No mês passado, as montadoras no país produziram 206 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, um crescimento de 15,1% sobre outubro, mas queda de 13,5% no comparativo com o mesmo mês de 2020.

Na relação anual, a queda na produção foi puxada pelo segmento formado por carros e comerciais leves, que teve um recuo de 15,5%.

O segmento exige um maior volume de componentes como semicondutores, escassos na indústria mundial desde o fim do ano passado, segundo a Anfavea.

“Nunca tivemos na história uma limitação de oferta desta magnitude”, disse o executivo.

O estoque de veículos acabados terminou novembro em 103,8 mil unidades, um crescimento de 11% em relação a outubro.

Segundo Moraes, no entanto, o aumento do volume estocado deve se reverter em dezembro com os veículos adicionais sendo despachados para grandes clientes como locadoras de veículos, que há meses estão enfrentando dificuldades em receber carros das montadoras nos volumes que consideram adequados para suas frotas.

Moraes evitou fazer projeções para 2022, mas afirmou que a “normalização das cadeias globais se dará mais para o final de 2022 e início de 2023, semicondutores ainda é desafio e uma estabilização pode ocorrer em 2023”, disse o executivo citando dados de especialistas do mercado.

“Tem muito veículo que vai ficar sem ser concluído este ano por falta de componentes”, disse o presidente da Anfavea.

Em novembro, as vendas de veículos novos tiveram incremento de 6,5% sobre o mês anterior, para 172,96 mil veículos, mas na comparação com novembro de 2020 o volume representa uma queda de 23,1%, segundo os dados da entidade.

A indústria nacional registrou quedas de 6% nas exportações de veículos montados em novembro ante outubro e de 36,3% ante novembro do ano passado, para 28.018 unidades.

O nível de emprego se manteve estável em novembro ante outubro, a cerca de 102,6 mil postos de trabalho ocupados, avançando 1% sobre novembro do ano passado.

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Caminhões e Ônibus

Enquanto os veículos leves – automóveis, picapes, utilitários esportivos e vans – estão sofrendo o impacto da crise, os caminhões seguiram em expansão, com alta de 25,3% na produção em novembro ante o mesmo período de 2020.

No ano, o segmento de caminhões acumula um crescimento de 82% no volume produzido, em parte incentivado pelas indústrias extrativas e de agricultura e pelo boom do comércio eletrônico gerado pelas medidas de isolamento social.

Segundo os dados da Anfavea, o mês passado foi o melhor novembro em vendas de caminhões no país desde 2014: 10.472 veículos, alta anual de 14,5% e acumulando uma expansão nos 11 meses de 2021 de 46,3% sobre o mesmo período de 2020.

Enquanto isso, o segmento de ônibus apurou nova retração na produção, de 7,2%, na comparação com novembro do ano passado, para 1.583 unidades, ainda atingido pelos impactos da pandemia.

No ano, o segmento de ônibus está praticamente estacionado, com oscilações positivas de 0,3% na produção e 0,7% nas vendas, segundo a Anfavea.