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Monero completa seis anos de existência em meio a questões regulatórias

21 abr 2020, 11:00 - atualizado em 20 abr 2020, 17:08
Monero foi resultado de uma bifurcação da Bytecoin em 2014, após o fornecimento total desta estar quase acabando (Imagem: Crypto Times)

Monero (XMR) é o 13º maior criptoativo e a maior moeda de privacidade na tabela de capitalização de mercado da Brave New Coin. Recentemente, XMR celebrou seis anos desde o seu bloco gênesis.

Embora a rede tenha oficialmente completado seis anos no dia 18 de abril, possui raízes que datam desde 2012, no projeto Bytecoin.

Bytecoin foi a primeira criptomoeda baseada na agora onipresente camada de aplicações CryptoNote, que funciona ao agrupar chaves públicas e certificar que os detalhes da transação de um remetente sejam ofuscados, além de usar “ring signatures” (algo como “assinaturas circulares”) para assinar transações em anonimidade.

Monero foi criada após ter sido revelado que 80% do fornecimento total de Bytecoin já ter sido emitido. Isso fez com que sete desenvolvedores — cinco destes ainda mantêm suas identidades em segredo — realizassem a bifurcação de Bytecoin e lançassem Monero em 2014.

XMR teve destaque no universo de privacidade em blockchain devido ao seu foco em recursos-padrão de privacidade que utilizam assinaturas de grupos anônimos espontâneos ligados por multicamadas (MLSAG, na sigla em inglês), transações circulares confidenciais (RCT) e endereços indetectáveis (“stealth addresses”). Esses recursos permitem transações irrastreáveis, não interligáveis, privadas e resistentes a análises.

Monero tem sido uma grande pedida quando o assunto é privacidade em cripto (Imagem: Medium/CryptoFinance24’s Team)

O blockchain teve diversas atualizações de rede nos últimos dois anos, o que resultou em melhorias estáveis no desempenho principal, incluindo menores custos de transações e melhores soluções de custódia.

Grandes acontecimentos em 2020 incluem o número de transações por dia da rede terem atingido um nível recorde.

Em novembro de 2019, a rede mudou do algoritmo de consenso Cryptonight para RandomX, apesar de ainda ser um componente fundamental de diversos projetos com foco em privacidade.

Essa foi uma grande atualização à rede criada para tornar a mineração de ASICs (circuitos integrados de aplicação específica) permanentemente inviáveis ao dar uma vantagem de mineração a CPUs (unidades centrais de processamento).

Preço/performance de monero (XMR) em comparação aos três maiores ativos na tabela de capitalização de mercado da Brave New Coin. Todos os ativos são comparados pela utilização de um índice normalizado de 100 pontos. Criado usando o recurso de “Relatórios” da BNC Pro.

A comunidade Monero celebrou seu sexto aniversário com uma videoconferência realizada pelo canal Monero Community Workgroup.

A conferência, chamada de “Moneroversary 2020”, durou diversas horas e começou com algumas discussões formais e atualizações, antes da outra parte mais casual, com perguntas e respostas, jogos e uma competição de memes.

A parte formal da conferência começou com uma história da Monero, antes de uma entrevista com a equipe da Monero Research Labs (MRL) e uma discussão sobre cumprimento à lei da Monero.

A entrevista com a MRL teve contribuidores como Sarang Noether e Mitchell P. Krawiec-Thayer, que contribuíram em uma ampla gama de assistência de desenvolvimento, incluindo criptografia, meta-análise, programação e design de protocolo.

A discussão também cobriu diversas relações que a comunidade de desenvolvedores mantém com outras equipes de cripto com foco em privacidade, incluindo Loki. A relação com Loki resultou em recursos compartilhados, acelerado tempo de desenvolvimento e possível interesse para investimento na MRL.

A discussão sobre a parte de cumprimento à lei contou com Dave Jevans, CEO da CipherTrace, e Justin Ehrenhofer, analista de compliance da DVtrade, uma mesa de negociações em mercado de balcão (OTC) da Monero.

“Moneroversary 2020” foi uma grande conferência em vídeo no dia 18 de abril, em comemoração aos seis anos da criptomoeda, com discussões formais e atualizações e sessões casuais, com perguntas e respostas, jogos e uma competição de memes (Imagem: YouTube/Monero Community Workgroup)

CipherTrace é uma empresa de segurança e rastreamento em blockchain que, anteriormente, interagiu com autoridades financeiras, como a Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN) e o Grupo de Ação Financeira Internacional (FAFT-GAFI). Além disso, abordou a questão do uso de criptoativos para fins como tráfico de pessoas.

Um foco da discussão de conformidade de criptoativos foi sobre como se dá a aplicação da “regra de viagem” (do inglês “travel rule”) em transações de criptoativos.

A regra de viagem foi apresentada por autoridades financeiras dos EUA para qualquer transmissão entre informações específicas de uma instituição financeira que devem ser fornecidas como parte de uma ordem de transmissão, incluindo o endereço do transmissor, a identidade da instituição financeira do transmissor e a identidade da instituição financeira do destinatário.

Jevans esteve em discussão com a FinCen e declarou ser provável que as transferências de criptoativos entre corretoras entrem no escopo da regra de viagem e que não existe infraestrutura suficiente para monitorar ou fornecer essas ordens de transmissão.

Ele esclareceu que carteiras que realizam transferências de pessoa para corretora ou carteiras que realizam transferências de pessoa para pessoa não entram sob essa restrição.

Ehrenhofer mencionou que diversas abordagens antilavagem de dinheiro com base em riscos a serem apresentadas para corretoras de criptoativos foram publicadas e estão sendo utilizadas, mas apenas em uma pequena fração do mercado de corretoras de criptoativos.

O desafio em criar um sistema de monitoramento inteiramente complacente para blockchains centrados em privacidade, como Monero, é bem difícil. Jevans mencionou que uma possível resposta seria uma rede de transferência privada, segura e entre corretoras, parecida com a rede SWIFT utilizada por bancos.

Em entrevista à Brave New Coin, Jason Wood, diretor global de compliance na corretora Dasset, concorda que evitar a lavagem de dinheiro é fundamental e corretoras podem se unir para criar uma rede que permita a transferência de dinheiros e comunicação às autoridades.