Modelo Copel (CPLE6) de privatização pode ser replicado para Sabesp (SBSP3) e Cemig (CMIG4)? Hora de comprar?
A Copel (CPLE6) pegou parte do mercado de surpresa ao definir de maneira rápida (menos de três semanas) o seu modelo de privatização: uma corporation, ou seja, empresa sem acionista controlador, em uma operação que lembra a venda da Eletrobras (ELET3).
Isso foi mais que suficiente para fazer a ação disparar 22,07%, a R$ 8,74, puxando outras empresas públicas com controle de governos estaduais, como a Cemig (CMIG4), que saltou 7,54%, Copasa (CSMG3), alta de 6,81%, e Sabesp (SBSP3), com elevação de 7,32%.
Segundo dados do TradeMap, foi a maior alta diária desde 15 de janeiro de 1999, quando a ação subiu 40,95%.
Mas é possível replicar o modelo para as outras estatais? Primeiro é preciso entender o que ocorrerá com a Copel.
Qual é o modelo da Copel?
No dia 1° de novembro, a Copel soltou fato relevante informando sobre estudos para ‘potencial operação no mercado de capitais’. Três semanas depois, a empresa definiu o modelo, que inclui a venda de ações do governo.
A operação, proposta após estudo elaborado pelo Conselho de Controle das Empresas Estaduais, deve envolver oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias e/ou certificados de depósito de ações (units) de emissão da companhia, de acordo com a Copel.
Segundo o comunicado assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, o modelo de governança em estudo prevê que, uma vez implementada a operação, o estado do Paraná permaneça com participação relevante não inferior a 15% do capital social total da Copel e 10% da quantidade total de votos conferidos pelas ações com direito a voto de emissão da companhia.
Assim, a empresa se tornaria uma corporação, sem acionista controlador. Porém, o estado manteria o golden share, ou o direito a veto.
Além disso, o projeto está sujeito à prévia autorização legislativa e afirma em documento que “oportunamente” será apresentado projeto de lei a ser deliberado pelos deputados estaduais.
O projeto requer maioria simples dos deputados.
“Entendemos que haverá criação de valor com a privatização. Nada é certo, o projeto de lei terá que passar pela Assembleia Legislativa, e é preciso aprovação do Tribunal de Contas do Paraná, mas o caminho que abre é muito positivo”, diz o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.
É possível replicar o modelo?
No caso das mineiras Copasa e Cemig, Arbetman lembra que o estado exige maioria qualificada dos deputados e um plebiscito.
Fábio Sobreira, sócio e analista da Harami Research, diz que o projeto de privatização do governo do Paraná pode ser um ‘divisor de águas’.
No caso de Minas, a privatização das estatais é uma promessa de campanha de Romeu Zema, mas que não tem ido para a frente devido às resistências dentro da Assembleia Legislativa.
“É um modelo que ele com certeza gostaria de fazer, mas que está faltando talvez o apoio necessário. Vamos ver se esse ano, agora, com essa reeleição forte que ele teve, se será possível. Ainda há dúvidas quanto a isso, mas sim, o modelo pode ser replicado em várias outras empresas que poderiam ser privatizadas”, discorre.
Para São Paulo e a Sabesp, Sobreira diz que a chance de privatização é maior ainda.
“Sabesp é por causa do Tarcísio de Freitas, que tem força nesse discurso e acreditamos que pode acontecer”, coloca.
Comprar Copel?
Para Arbetman, a notícia de privatização ‘muda tudo’. A Ativa possuía recomendação neutra para o papel, mas está revisando os números e o preço-alvo da estatal.
“Ninguém esperava que de forma tão rápida a privatização fosse se alinhar para esse ponto. Conclusão bastante positiva”, coloca.
Sobreira espera que o projeto não encontre grandes resistências na Assembleia Legislativa do Paraná.
“Acredita-se sim que o Ratinho Junior tenha a maioria parlamentar. É uma privatização que vem sendo feita, encaminhada, mas que exige aprovação do legislativo local. Então, se ele tiver a maioria, provavelmente vai conseguir e nós acreditamos que isso vai passar”, calcula.
Contudo, o analista diz que negociada a R$ 8,7, a empresa, talvez, esteja acima do que o mercado acredita que seja em um bom valor.
“Eu particularmente recomendo cautela, assim como recomendo cautela em todas as notícias, porque não podemos operar somente com base nisso”.
Para o BTG Pactual, que recomenda compra para a Copel, muito já foi feito, mas há espaço para mais.
“Se a operação estiver avaliada entre 1,8-2,0x EV/RAB (valor da empresa sobre base de ativos regulatórios), a ação pode valer entre R$ 10,1 e R$ 10,9, ou 41 a 52% de valorização no preço de fechamento de sexta-feira”, diz.
Porém, por enquanto, o preço-alvo do banco é de R$ 7,70.
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