Mobly (MBLY3) diz que oferta de fundadores da Tok&Stok é ‘inviável’; entenda

O conselho de administração e a diretoria da Mobly (MBLY3) se reuniram para discutir a carta enviada pela Família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, manifestando intenção de formular uma oferta de aquisição de ações para aquisição do controle da companhia.
A oficialização da proposta ocorreu por meio de uma carta enviada à companhia na última sexta-feira (28), segundo comunicado ao mercado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no último sábado (1º).
O documento, assinado por Régis Edouard Alain Dubrule, Ghislaine Thérèse de Vaulx Dubrule e Paul Jean Marie Dubrule, diz que a intenção é obter o controle da companhia e até 100% do capital.
A oferta pública de ações (OPA) prevê a aquisição da totalidade das ações da Mobly — um pouco mais de 122,7 milhões —, com o preço de R$ 0,68 por ação. Com o preço proposto, a operação somaria cerca de R$ 83,4 milhões.
Em comunicado enviado ao mercado nesta quarta (5), a companhia esclarece que o preço por ação para a potencial OPA apresentada na proposta reflete um desconto de 51% sobre a cotação de fechamento do pregão do dia 28 de fevereiro de 2025, de R$ 1,39, e de 53% sobre o preço médio ponderado de negociação das ações dos últimos 30 pregões, de R$ 1,44.
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Ainda, a Mobly aponta um desconto de 82% sobre o valor patrimonial por ação em 30 de setembro de 2024 (R$3,87) ou 83% sobre o valor patrimonial por ação em 30 de junho de 2024 (R$4,08).
Vale destacar que os termos da proposta ainda podem passar por alterações, uma vez que até o momento não houve lançamento da OPA.
A Mobly coloca que a proposta ainda depende da concordância por parte dos debenturistas da Tok&Stok quanto à mudança de controle da companhia e à reforma do estatuto social para exclusão da cláusula de OPA por atingimento de participação relevante superior a 20% do capital social.
Segundo a empresa, até o momento, acionistas que representam, em conjunto, 40,6% do capital social da companhia, já indicaram à administração da companhia não ter interesse em alienar suas ações nos termos da proposta, caso ela venha a se tornar uma oferta vinculante e irrevogável, além da intenção de votar contrariamente à exclusão da cláusula de OPA.
“Desta forma, não seria possível à Familia Dubrule adquirir a participação mínima de 85 milhões de ações ordinárias de emissão da companhia (correspondente a 69,2% do capital total) indicada na proposta, mesmo se a OPA viesse a ser lançada, de modo que a proposta parece ser de plano inviável”, diz a Mobly.
Por fim, a Mobly aponta que a companhia está focada na implementação da estratégia de negócios e na captura de sinergias decorrentes da aquisição do controle da Tok&Stok e afirma não ter planos para a capitalização da companhia neste momento.
A história Mobly e Tok&Stok
Em agosto de 2024, a Mobly anunciou acordo com a gestora SPX, controladora da Tok&Stok, para assumir o controle da companhia. A combinação criou um gigante no mercado de móveis e decoração, com receita anual estimada de R$ 1,6 bilhão. Contudo, o negócio não foi bem recebido pela família fundadora da Tok&Stok, que brigou na Justiça para contestar a operação.
Na época, Régis Dubrule, que fundou a Tok&Stok em 1978 com a esposa, Ghislaine, criticou publicamente a combinação de negócios. “É o abraço de afogados, mas nós sabemos nadar. Estamos absolutamente convencidos de que conseguimos salvar a Tok&Stok sozinhos”, disse na época em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Para que a Mobly não fosse arrastada para o endividamento da Tok&Stok, foi desenhado um modelo engenhoso.
A Tok&Stok protocolou simultaneamente ao negócio seu pedido recuperação extrajudicial, com um pré-acordo dos credores já firmado. Ele prevê um ano de carência no pagamento de juros e dois anos para o início das amortizações. O prazo final foi estendido para 2034.
A Tok&Stok, que já chegou a valer R$ 1,1 bilhão, foi avaliada no negócio por 10% desse valor — ou R$ 112 milhões.
O grupo ainda não divulgou os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). Os dados mais recentes, do terceiro trimestre, mostraram uma leve melhora nas vendas de lojas físicas e um desafio no lado do e-commerce. O negócio segue com prejuízo.
*Com Liliane de Lima