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Mobly compra Tok&Stok e cria gigante de móveis e decoração

10 ago 2024, 14:40 - atualizado em 10 ago 2024, 14:41
Mobly
Mobly compra Tok&Stok e cria gigante de móveis e decoração (Imagem: Facebook/Mobly)

A Mobly anunciou acordo para ser a controladora da Tok&Stok criando assim um gigante no mercado de móveis e decoração, com receita anual estimada de R$ 1,6 bilhão. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) feito na quinta-feira, 8, a Mobly afirma que a operação tem o objetivo de fortalecer sua presença no mercado por meio da diversificação e complementaridade do portfólio de produtos e serviços. O negócio combinará a “sólida e reconhecida reputação das marcas, atingindo públicos diversos em todos os segmentos de mercado”, diz a empresa.

“A operação permite que ambas as companhias aproveitem a expertise uma da outra para fortalecer suas respectivas propostas de valor, especificamente a tecnologia e logística da Mobly e o desenvolvimento de produtos e experiência de loja da Tok&Stok”, afirma a companhia.

A Tok&Stok, que já chegou a valer R$ 1,1 bilhão, foi avaliada no negócio por 10% desse valor – ou R$ 112 milhões. Hoje, carrega um endividamento de R$ 450 milhões com Banco do Brasil, Itaú e Santander, tem dificuldade em importar, comprar produtos no País e investir. Já a Mobly, apesar de não ter dívidas e ter feito um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) bem-sucedido há três anos, assume essa dívida, com um caixa de R$ 185 milhões e tendo dado prejuízo de R$ 21 milhões no primeiro trimestre.

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“O grande ponto é: Hoje, com as duas empresas juntas, a gente vira o maior varejista de móveis do Brasil e da América Latina”, diz Marcelo Marques, um dos fundadores da Mobly. “A gente tem sinergias absurdas de logística, com centros de distribuição e gestão duplicados. A gente fica mais forte com fornecedores do Brasil e da China. Tem muita tecnologia embarcada na Mobly, que será usada na Tok&Stok.”

Segundo levantamento feito pela consultoria Bain&Co para embasar o negócio, esses e outros ganhos de sinergia (como tributários) podem aumentar a geração de caixa da Mobly em R$ 80 milhões a R$ 135 milhões ao ano, num período de cinco anos. “Além disso, nos últimos anos, fomos provocados por todos os bancos de investimento para uma fusão com a Tok&Stok porque todos viam sentido nesse movimento”, afirma Marques.

Modelo

Para que a Mobly não fosse arrastada para o endividamento da Tok&Stok, foi desenhado um modelo engenhoso. A Tok&Stok protocolou simultaneamente ao negócio seu pedido recuperação extrajudicial, com um pré-acordo dos credores já firmado. Ele prevê um ano de carência no pagamento de juros e dois anos para o início das amortizações. O prazo final foi estendido para 2034 (e não mais 2029).

“A gente precisa de tempo para capturar as sinergias e não podíamos estar com a corda no pescoço”, diz Marques. Para ele, a maior prova de que o negócio tem potencial de ser bem sucedido está no aval desses credores, que já haviam provisionado a dívida da Tok&Stok como perda contábil e poderiam vendê-la a fundos abutres. “Numa recuperação judicial de empresa de capital fechado (como a Tok&Stok), eles são os primeiros a receber na lista de credores”, diz. “Já numa companhia de capital aberto, a regra é bem mais difícil e, mesmo assim, eles apoiaram o negócio.”

“É uma operação que tem um ganho bem claro”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “De um lado, há a Mobly, que é uma empresa listada e, do outro, a Tok&Stok controlada por um fundo que buscava uma saída – e ter uma compradora de capital aberto já é uma primeira sinergia.” Para ele, o fato de a Mobly ser uma empresa digital e de a Tok&Stok ter uma marca mais forte, bem como maior tradição e operação física ainda robusta, também são ganhos complementares.

Perfil das empresas vai ser mantido

O posicionamento das marcas será mantido, com a Tok&Stok atendendo a um público de maior poder aquisitivo. Também o capital aberto em Bolsa.

O negócio não previu qualquer pagamento, mas troca de ações. A Mobly comprou os 60% do capital da Tok&Stok que estavam nas mãos da gestora SPX Capital (originalmente comprados pela Carlyle, que pagou quase R$ 700 milhões pela companhia). A SPX será detentora de 12% da nova Mobly. Por 24 meses, tanto a SPX quanto os controladores da Mobly não poderão vender suas ações.

Pelo negócio fechado, a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, pode se tornar acionista da nova Mobly ou entrar no bloco de credores da recuperação judicial. A família comprou a parte da dívida que pertencia ao Itaú e chegou a assumir a gestão da Tok&Stok recentemente, sem conseguir entregar os resultados esperados pelo SPX.

A rede de móveis Tok&Stok, fundada em 1978 pelo casal francês Régis e Ghislaine Dubrule, então recém-chegados ao Brasil, se tornou uma referência em móveis e decoração. Em seu auge, chegou a ter mais de 60 lojas espalhadas pelo Brasil. Mas nos últimos anos vem atravessando um momento financeiro delicado depois de uma aposta frustrada no comércio online.

Em meio à turbulência, Ghislaine reassumiu o comando, em maio do ano passado. Em junho, a empresa recebeu um aporte de R$ 100 milhões do Carlyle e anunciou o refinanciamento por dois anos de dívidas de R$ 350 milhões. Mas o movimento não foi suficiente.

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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