Mitre tem segundo trimestre morno, mas mercado ignora e ações sobem 4%
Os números da Mitre (MTRE3) divulgados em sua prévia foram mistos, avaliam analistas.
O mercado, porém, ignorou o ceticismo das casas de análises. As ações da Mitre fecharam em forte alta de 4,37%, a R$ 12,42.
As vendas líquidas da construtora dispararam 442% no segundo trimestre de 2021 ante mesmo período do ano passado, totalizando R$ 188,4 milhões, mostra documento enviado ao mercado nesta terça-feira (13).
As Vendas sobre Oferta (VSO) ficaram em 57%, mantendo um dos maiores índices do setor.
Ao todo, a companhia lançou dois empreendimentos, somando um VGV (Valor Geral de Venda) de R$ 236 milhões.
“Os resultados do segundo trimestre foram mistos, com lançamentos fracos (explicado pela Covid-19 e atrasos em obtenção de licenças de construção para seus projetos), mas as vendas foram fortes. Mitre realmente fez o dever de casa em todos os seus projetos, que estão com forte demanda”, aponta o BTG Pactual em relatório enviado a clientes.
Para o Credit Suisse, apesar dos números operacionais um pouco abaixo do projetado, a empresa atingiu a marca de lançamentos de R$ 1,3 bilhão nos últimos 12 meses, o que corrobora a visão positiva.
Porém, na visão do banco, o setor ainda inspira cuidados, dado um acirramento do ambiente competitivo.
A Ágora Investimentos acrescenta que mesmo que a Mitre tenha mostrado notável velocidade de vendas durante o trimestre, ela está se tornando cada vez mais dependente de lançamentos de dimensionamento para manter as engrenagens funcionando.
“Do lado positivo, o pipeline da empresa não deve ser incomodado por atrasos nas aprovações tanto quanto seus pares, uma vez que desenvolve projetos menores e mais simples”, afirma.
Segundo o estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, o crescimento da Mitre chamou a atenção.
“Ainda mais interessante é a velocidade de vendas, em 29,5%. Mitre tem sido uma das maiores VSO do segmento, combinando isso a um nível de rentabilidade muito elevado”, aponta.
Além disso, ele acrescenta que a companhia não tem dívida, esqueleto no armário, nem legado ruim e pode entregar um ROE superior a 20% “com alguma tranquilidade”.
“Fundamento está redondo. Técnico é um pouco ruim, seja por conta do preconceito enorme com o setor, seja porque ainda há um vendedor grande — é um único, mas ele ainda está lá, com alguma coisa perto de 1,5 milhão de ações remanescentes. Se rasparem o cara, isso voa para R$ 14-15 rapidinho”, argumenta.