Missão da AIEA segue para usina nuclear de Zaporizhzhia perto da linha de frente da guerra
Uma equipe do órgão de vigilância nuclear da ONU se dirigiu nesta segunda-feira à usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, disse o chefe da agência, enquanto Rússia e Ucrânia trocavam acusações de bombardeios nas proximidades, alimentando temores de um desastre de radiação.
Capturada por tropas russas em março, mas administrada por funcionários ucranianos, Zaporizhzhia tem sido um ponto crítico em um conflito que se transformou em uma guerra de atrito travada principalmente no leste e no sul da Ucrânia, seis meses depois que a Rússia lançou sua invasão.
“Precisamos proteger a segurança da maior instalação nuclear da Ucrânia e da Europa”, disse Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em um post no Twitter.
Uma equipe de inspetores da AIEA que ele lidera chegará à usina no rio Dnipro, perto da linha de frente no sul da Ucrânia, nesta semana, afirmou Grossi, sem especificar o dia da chegada.
A AIEA tuitou separadamente que a missão avaliará danos físicos, condições em que os funcionários estão trabalhando no local e “determinará a funcionalidade dos sistemas de segurança e proteção”.
Também “realizará atividades urgentes de salvaguardas”, uma referência ao rastreamento de material nuclear.
O Kremlin disse nesta segunda-feira que a missão da AIEA é “necessária” e instou a comunidade internacional a pressionar a Ucrânia a reduzir as tensões militares na usina.
Organização das Nações Unidas, Estados Unidos e Ucrânia pediram a retirada de equipamentos militares e pessoal do complexo nuclear, o maior da Europa, para garantir que não seja um alvo.
Mas o Kremlin novamente descartou a retirada de suas forças do local.
Com os temores de um acidente nuclear em um país ainda assombrado pelo desastre de Chornobyl em 1986, as autoridades de Zaporizhzhia estão distribuindo comprimidos de iodo e ensinando os moradores a usá-los em caso de vazamento de radiação.
As forças russas dispararam contra Enerhodar, a cidade perto de Dnipro onde a usina está localizada, disse o chefe de gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, na noite de domingo, em seu canal Telegram, ao lado de um vídeo de bombeiros encharcando carros em chamas.
“Eles provocam e tentam chantagear o mundo”, declarou Andriy Yermak.
Liliia Vaulina, de 22 anos, entre um número crescente de refugiados de Enerhodar que chegam à cidade ucraniana de Zaporizhzhia, cerca de 50 quilômetros rio acima da usina, disse esperar que a missão da AIEA leve a uma desmilitarização da área.
“Acho que eles vão parar o bombardeio”, afirmou ela à Reuters.
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