Ministros da UE discutem salto da inflação e reforma das regras orçamentárias
Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) discutem nesta segunda-feira a alta nos preços ao consumidor, seu impacto sobre os salários e as alterações que gostariam de fazer nas regras orçamentárias do bloco para apoiar o investimento e reduzir a dívida.
A inflação subiu 4,1% no mês passado em comparação com o mesmo período no ano anterior nos 19 países que compartilham o euro, ante 3,4% em setembro.
Os ministros estão começando a temer que o aumento possa impulsionar um crescimento mais forte dos salários, criando uma espiral inflacionária.
“Isso foi mais rápido do que o esperado”, disse uma autoridade de alto escalão da UE envolvida na reunião. “Os 4,1% devem gerar discussão.”
O aumento foi impulsionado principalmente por um salto de 23,5% nos preços de energia, o qual a autoridade disse que eventualmente recuará, embora não deva retornar para os níveis anteriores à pandemia de Covid-19.
“Devemos voltar a números de inflação mais benignos, mas o processo será mais lento do que o esperado e o risco de efeitos secundários na formação dos salários é claramente algo que precisa ser levado a sério e monitorado”, disse.
O Banco Central Europeu (BCE), encarregado de manter a inflação em 2% no médio prazo, dará informações aos ministros.
O economista-chefe do BCE, Philip Lane, em comentários publicados pelo jornal espanhol El Pais nesta segunda-feira, reiterou a mensagem do banco de que o forte aumento dos preços é temporário.
“Acreditamos que no próximo ano os gargalos (de oferta) diminuirão e os preços da energia vão cair ou se estabilizar”, disse Lane. “Esse período atual de inflação é muito incomum, temporário e não é um sinal de uma situação crônica.”
A Comissão Europeia, que também apresentará sua visão aos ministros e divulgará na quinta-feira suas previsões econômicas para a inflação, também acredita que a inflação vai diminuir.
“Os preços da energia têm um impacto decisivo neste aumento da inflação, e o fenômeno será temporário, provavelmente reduzindo-se no primeiro semestre do ano que vem”, disse o Comissário de Economia, Paolo Gentiloni, a repórteres ao entrar na reunião.