Ministro defende vacinação de estrangeiro e é criticado por apoiadores de Bolsonaro
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, defendeu pelas redes sociais que o Brasil exija a comprovação de vacinação contra Covid-19 de estrangeiros que queiram entrar no país, em linha com uma recomendação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não acatada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
No sábado, Tarcísio defendeu a jornalistas que se adote restrições mais duras a viajantes que não estão completamente vacinados contra a Covid, o que o levou a ser criticado por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
“A gente tem defendido a abertura, isso não só aqui no Brasil, para aquelas pessoas que estejam com a imunização completa com as vacinas reconhecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde)”, disse a jornalistas.
“Entendo que isso é importante para as economias de todos os países. Restrição é diminuição das exigências sanitárias para aqueles que estão com a imunização completa e procedimentos mais rígidos, do ponto de vista sanitário, maiores restrições, para aqueles que não têm imunização completa. É nessa linha que a gente vai seguir”, disse ele.
Diante das críticas de apoiadores do presidente, Tarcísio disse ser contra o lockdown ou a obrigatoriedade da vacinação –em linha com o que defende Bolsonaro– mas insistiu na defesa da exigência da vacinação para que estrangeiros entrem no Brasil.
“Sou contra lockdown e obrigatoriedade de vacinação. Apenas defendi que melhor do que falar em fechamento de fronteiras, para voos internacionais, seria melhor cobrar a vacinação dos estrangeiros que chegam ao Brasil. Seria uma forma de manter os voos”, respondeu ele, na noite de domingo, diante de críticas.
Bolsonaro afirma não ter se vacinado contra a Covid e alega, em contraste com as evidências científicas, que pessoas que contraíram e se recuperaram da doença como ele têm maior proteção contra o coronavírus do que a proporcionada pelas vacinas.
O Ministério da Infraestrutura é uma das pastas do governo responsáveis por analisar a recomendação da Anvisa para que seja exigido de estrangeiros a comprovação de vacinação para entrar no Brasil.
Os outros ministérios envolvidos são o da Saúde, da Casa Civil e da Justiça, cujo titular, Anderson Torres, já se manifestou contra a recomendação da agência, alegando que a vacina não impede a transmissão do vírus.
Apesar de não serem 100% efetivas para evitar contrair a Covid-19, as vacinas aplicadas no Brasil e em outros países se mostraram capazes de reduzir quadros graves da doença, além de internações e mortes.
Além disso, as vacinas reduzem a circulação do vírus e, com isso, diminui a chance de surgirem novas variantes, como a ômicron, identificada na semana passada na África do Sul e que tem levado à adoção de restrições de viagens por vários países, inclusive do Brasil, que restringiu voos e viajantes de países vindos do sul da África.