Internacional

Ministro da Defesa afasta hipótese de intervenção para dar fim à crise na Venezuela

11 abr 2019, 17:54 - atualizado em 11 abr 2019, 17:54
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi ouvido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) nesta quinta-feira (11) (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

O Brasil apoia o governo interino encarregado da Venezuela, na figura do presidente da Assembleia Nacional daquele país, Juan Guaidó, mas é contra a realização de qualquer intervenção ou interferência na nação vizinha, afirmou o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, durante audiência nesta quinta-feira (11) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

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O general também garantiu que esta é a posição do presidente da República, Jair Bolsonaro, e que o governo ainda aposta numa solução pacífica para a crise política naquele país, “algo que tem que acontecer”. Azevedo e Silva informou ainda, após indagação do senador Telmário Mota (Pros-RR), que a “diplomacia militar” segue a ser mantida com a Venezuela, pois o país mantém um adido militar no Brasil e um oficial daquele país também realiza um curso no Brasil, o qual, por sua vez, mantém adidos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na Venezuela, “que são acionados sempre que avaliamos necessário”.

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Base de Alcântara

O ministro da Defesa também defendeu o recente acordo de salvaguardas tecnológicas assinado pelo governo com os Estados Unidos, relacionado à exploração comercial da Base de Alcântara, no Maranhão. Ele garantiu que o acordo não fere a soberania nacional e não afeta o desenvolvimento do programa espacial brasileiro.

— Rússia e China têm acordos semelhantes com os Estados Unidos. Este tipo de acordo é necessário porque 85% dos satélites e foguetes lançados no mundo contêm algum componente norte-americano, e eles necessitam proteger as patentes e marcas deles. Se o acordo não for aprovado no Congresso, a Base de Alcântara se tornará apenas uma base aérea militar. Os recursos que conseguirmos [com o acordo] não poderão ser utilizados no desenvolvimento de mísseis de longo alcance, [mas] para todo o resto do programa espacial estará liberado. Só em 2019 o setor espacial gerará riquezas de US$ 350 bilhões, e é neste mercado que vamos entrar — disse Azevedo e Silva, garantindo também que o acordo não impede que o Brasil feche parcerias posteriormente com nações como a China, ficando vedados apenas os países classificados tanto pelo Brasil, quanto pelos EUA como patrocinadores do terrorismo.

Caso Evaldo

O ministro da Defesa foi indagado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) sobre o assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos no último domingo (7) no Rio de Janeiro, quando teve seu automóvel alvejado por mais de 80 tiros de fuzil disparados por dez militares durante uma patrulha próxima de uma área militar em Guadalupe, na Zona Norte da cidade. O músico estava acompanhado de sua família e ia para um chá de bebê.

Azevedo e Silva classificou o caso como “um incidente lamentável” e defendeu a condenação e punição aos culpados, após a investigação em curso por parte da Justiça Militar.

O ministro disse também ter ouvido de Jair Bolsonaro que eventuais operações de garantia da lei e da ordem (GLO) só ocorrerão em sua gestão “em último caso”. Para Azevedo e Silva, os militares recebem uma formação e treinamento que são distintos do cenário de operações como o existente no estado do Rio de Janeiro, que passou por intervenção no ano passado.

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