Ministério Público abre investigação sobre uso de avião da FAB para transporte de garimpeiros
O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar o uso de aeronave da Força Aérea Brasileira para o transporte de garimpeiros, o que poderia configurar improbidade administrativa por desvio de finalidade, informou a instituição nesta sexta-feira.
Segundo nota no site da Procuradoria da República no Pará, uma das aeronaves originalmente enviadas ao Estado em apoio a operação de combate a crimes ambientais nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, a pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), teria transportado mineradores ilegais a Brasília para um suposto encontro com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
“Verificam-se, no presente caso, fortes indícios de desvio de finalidade na utilização de aeronaves da Força Aérea Brasileira, as quais, a princípio, deveriam ser destinadas para efetividade da Operação Verde Brasil 2 no combate à mineração ilegal”, argumentou o MPF ao instaurar a investigação, na quinta-feira, em Itaituba (PA).
A apuração tem como base documento da FAB ao Ministério Público, que relata ordem em 6 de agosto para a cessão do avião ao transporte de líderes indígenas da região para um encontro com Salles. A carta diz que os sete moradores levados na aeronave atuam em defesa dos interesses dos garimpeiros.
Lideranças munduruku negaram, em carta ao MPF, que as pessoas transportadas representassem o povo.
A determinação para o transporte dos mineradores ilegais foi acompanhada de uma ordem de suspensão temporária da Operação Verde Brasil 2 na região de Jacareacanga, o que, segundo o MPF, acabou prejudicando as atividades de fiscalização ao dar tempo para a ocultação do maquinário utilizado no desmatamento.
O líder da bancada do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), informou que pedirá informações ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que tomou a frente da discussão ambiental no país, ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério da Defesa.
A bancada também quer detalhes da reunião entre Salles e os garimpeiros e questiona os motivos da ordem que suspendeu a operação de fiscalização na região.
“É muito grave a denúncia de que aeronaves federais tenham sido usadas para transportar para uma reunião em Brasília quem está praticando crimes ambientais. Mais grave ainda é a suspeita de que o ministro Ricardo Salles esteja facilitando a retirada de máquinas dos invasores ao interromper operações contra atos que ele deveria estar combatendo”, disse o deputado.
Os ministério do Meio Ambiente e da Defesa não responderam de imediato a pedidos de comentários.