Ministério não foi consultado sobre possível decreto contra restrições em Estados, diz Queiroga
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira, em depoimento à CPI da Covid, que a pasta não participou e não foi consultada sobre eventual decreto contra medidas restritivas e Estados e municípios mencionado como uma possibilidade pelo presidente Jair Bolsonaro.
Queiroga mais uma vez se esquivou de dizer se concorda ou não com a edição de tal decreto e afirmou que não poderia fazer um juízo de valor sobre um posicionamento do presidente.
O ministro admitiu, no entanto, ter conversado sobre o tema em geral com Bolsonaro, que teria externado sua preocupação em “assegurar a liberdade das pessoas”, preocupação com a qual o ministro disse concordar.
Fogo amigo
Bolsonaro afirmou na véspera, em discurso recheado de ameaças e insinuações, que tem pronto para editar um decreto para “garantir o direito de ir e vir”, acrescentando que se o texto for publicado “não será contestado em nenhum tribunal”.
O titular da Saúde disse à CPI nesta quinta que desde que chegou ao ministério, há pouco mais de 40 dias, tem tido autonomia para tocar a gestão. Ele negou que seu relacionamento com parentes e conhecidos do presidente Jair Bolsonaro interfira em sua atuação.
Também negou ter recebido pressão para a adoção da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada e defendido por Bolsonaro contra a Covid. Também disse à Comissão Parlamentar e Inquérito (CPI), na condição de testemunha, que sua nomeação não foi condicionada a apoio a qualquer protocolo.
Na véspera, o ex-ministro Nelson Teich disse à CPI que decidiu pedir demissão do cargo ao perceber que não teria autonomia, inclusive em relação ao uso de cloroquina, um dos pontos principais que o motivou a deixar o cargo.