Ministério da Fazenda tenta convencer Lula a não mudar meta de inflação
Em meio à guerra entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central, o Ministério da Fazenda tenta acalmar os ânimos.
Segundo O Globo, a Secretaria de Política Econômica (SPE) elaborou um estudo com o objetivo de mostrar à Lula que a meta de inflação não é a principal causa da Selic a 13,75% ao ano, maior patamar da taxa básica de juros desde dezembro de 2016.
Lula vem criticando a política monetária adotada pelo Banco Central e chegou a sugerir que as metas de inflação estão muito baixas.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse Lula no dia 18 de janeiro em entrevista a GloboNews.
A princípio, a equipe parece ter convencido o presidente a diminuir os ataques contra a autoridade monetária. Nos documentos apresentados, estão dados que mostram metas de inflação de países emergentes e desenvolvidos menores que as buscadas pelo Brasil.
México, Colômbia e Chile, por exemplo, têm uma meta de 3% – patamar planejado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) só a partir de 2024.
Metas mais altas não derrubam a Selic
Na teoria defendida por Lula, se a meta fica mais alta, a inflação do país – que está em 5,79% – estaria mais próxima do teto ou do centro e a Selic poderia ser reduzida. As metas de inflação para 2023 e 2024 são de 3,25% e 3%, respectivamente.
No entanto, na prática, a história é bem diferente. O Itaú projeta que o Banco Central pode elevar a taxa Selic para um patamar de 15% caso o presidente insista na ideia de mudar a meta de inflação de 4,5% em 2024.
O banco destaca, em relatório, que a mudança seria percebida como pouco compromisso da política econômica, resultando em inflação mais alta à frente.