Minha Casa, Minha Vida vem aí; veja como aproveitar para lucrar com duas ações na bolsa
O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) está oficialmente de volta, a partir de amanhã, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá relançar na Bahia um dos maiores feitos do governo do PT.
A volta do programa, criado em 2009 no segundo mandato de Lula, pode ser um sopro de esperança para empresas de construção civil, em um momento delicado para o setor. Principalmente, para duas construtoras.
Minha Casa, Minha Vida será bom para quem?
A equipe de real estate do Itaú BBA diz ter uma visão positiva para as construtoras de baixa renda, destacando a Cury (CURY3) e a Direcional (DIRR3), considerando o potencial de valorização para a demanda impulsionada pelo retorno do MCMV.
O analista Daniel Gasparete ainda considera custos do setor controlados, o que pode elevar as margens das empresas de construção civil. Além disso, ele vê espaço para que os preços unitários de imóveis continuem subindo e estima “rendimentos de dividendos suculentos”.
Segundo o analista, há espaço para um impulso no programa e potencial para se tornar carro-chefe do governo Lula. Isso deve-se às declarações otimistas do ministro das Cidades, Jader Filho, e citações indicando que o programa será prioridade na agenda da União.
“O programa deve ser redimensionado favorecendo, provavelmente, a população de faixas de renda mais baixas. Além do mais, as novas condições devem favorecer esses clientes uma vez que eles tiveram menos acesso [ao programa] nos últimos anos”, diz.
Destaque para baixa renda
O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Araujo, reforça que é preciso aguardar o detalhamento do programa no Lula 3 e o que será aprimorado.
“Em termos práticos para as incorporadoras, aquelas posicionadas nesse segmento tendem a performar muito bem ao longo do ano, especialmente, Cury e Direcional”, ressalta.
Segundo o analista, os segmentos de média e alta renda continuam com cenário mais desafiador, uma vez que o governo Lula deverá dar mais incentivo para as faixas de renda menor.
Preço de imóveis e mudanças no Minha Casa, Minha Vida
O head de real estate da XP, Ygor Altero, chama a atenção para novas altas de preço dos imóveis que devem impactar, principalmente, esse segmento. O preço continuará elevado, segundo ele, porque a demanda continua forte.
“Porque está sendo colocado em prática todas as mudanças do programa Casa Verde e Amarela [CVA, nome dado pelo governo de Jair Bolsonaro em 2020] anunciadas no meio do ano passado. Acho muito difícil que o governo Lula revogue essas mudanças”, diz.
Mudanças que permitiram altas de 15% nos preços por unidade. “Desde então, os preços aumentaram cerca de 6%, em média, deixando espaço para novos reajustes”, diz Gasparete, do BBA.
Altero reforça que Cury e Direcional devem surfar bem na onda do Minha Casa, Minha Vida, uma vez que essas construtoras conseguiram atravessar o período de crise do setor, com a pandemia de covid-19 e a disparada de custos, com boas margens brutas.
Recentemente, a XP destacou que as concessões de financiamento do programa, até o fim do ano passado ainda com o nome “Casa Verde e Amarela”, exibiram aceleração em São Paulo.
Contudo, Altero destaca que houve redução nos lançamentos do segmento de baixa renda, explicado pelo foco de construtoras em equilibrar rentabilidade e volume.
E as demais construtoras?
Para Altero e Araujo, a Cyrela (CYRE3) segue como ação preferida do setor, a chamada “top pick”, pela sua liquidez e atuação no segmento de alto padrão.
Eles esperam bons resultados e, consequentemente, bons dividendos. Mas não apenas dela, como também Cury e Direcional, além da JHSF (JHSF3) e da Lavvi (LAVV3).
Em relação à MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3), os analistas ressaltam o nível elevado de alavancagem das construtoras mineiras, e vão aguardar sinais de recuperação da dupla.
Ambas reduziram lançamentos e sofrem com a pressão vendedora nas ações, mas o cenário é de mais cautela para a Tenda. A MRV, por sua vez, anunciou mudanças para os próximos anos.
Entre elas, a redução das operações em 40 cidades brasileiras, para focar em regiões metropolitanas mais relevantes, como São Paulo.