Minerva (BEEF3) derrete na B3 mesmo com lucro, menor alavancagem e espaço para dividendos; o que dizem os analistas?
As ações da Minerva Foods (BEEF3) recuavam 12,40%, em R$ 6,51, por volta de 14h04 desta quinta-feira (6), um dia após o frigorífico reportar um lucro de R$ 120 milhões no 3T25 e a menor alavancagem desde 2022. Vale lembrar que a ação acumulava uma alta de quase 10% nos últimos 30 dias, dadas as perspectivas positivas do mercado com os resultados.
Segundo o BB Investimentos (recomendação de compra e preço-alvo de R$ 8 ao fim de 2026), os números foram positivos, apesar da maior pressão sobre os custos, o que reduziu a rentabilidade operacional. O destaque, na visão da analista Georgia Jorge, ficou por conta da forte geração de caixa operacional e da redução da alavancagem financeira.
“A redução da alavancagem financeira reportada pela companhia abre espaço para a retomada de distribuição de dividendos em um horizonte de curto prazo, o que deve favorecer ainda mais a performance das ações”, explica.
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Para o Safra, o balanço menos alavancado (2,5x dívida líquida/Ebitda) — reflexo do aumento recente de capital e de uma execução operacional sólida — reduz os riscos para a tese. “Mantemos nossa recomendação outperform (compra) e preço-alvo de R$ 8,50”, apontam Ricardo Boiati, Rafael Une e Thiago Marmo.
A Minerva apresentou forte crescimento de receita, impulsionado por maiores volumes no comparativo anual, especialmente no Brasil (+79%), Argentina (+52%) e Uruguai (+46%), compensando em parte as quedas no Paraguai (-11%) e Austrália (-49%).
O BTG Pactual explica que a geração de caixa livre (FCF) de R$ 2,5 bilhões no 3T25 ficou muito acima das expectativas do mercado, impulsionada principalmente por uma liberação de capital de giro de mesmo valor. O Ebitda ficou em linha, mas o lucro líquido ficou abaixo das estimativas, devido a maiores despesas financeiras, ligadas a operações de hedge cambial.
“Como a política da Minerva prevê payout de 50% quando a alavancagem cair abaixo de 2,5x, o pagamento de dividendos parece próximo. Historicamente, após o aumento de capital de 2018, a empresa distribuiu R$ 1,4 bilhão em dividendos — algo que pode se repetir se o cenário atual de desalavancagem persistir”, explicam Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
A dúvida do banco, que mantém sua recomendação neutra para a ação (preço-alvo de R$ 8), fica para a sustentabilidade dessa geração de caixa excepcional. Atualmente, a Minerva financia mais de dois meses de vendas via clientes e fornecedores, algo incomum para o setor. Os analistas questionam se parte desse funding não será revertida e substituída por dívida financeira tradicional.
No curto prazo, o Itaú BBA vê dois potenciais gatilhos:
- Redução das tarifas de importação dos EUA sobre a carne bovina brasileira
- Possível anúncio de dividendos até o final de 2025
A venda de ativos não essenciais e valuation praticamente estável, mesmo com revisões positivas de Ebitda e aumento de valor de mercado, também são fatores otimistas para ação.
“Vemos a Minerva sendo negociada a 4,0x EV/Ebitda para 2026, com um yield de FCFE próximo de 10%. Acreditamos que a companhia pode continuar apresentando bom desempenho sob condições favoráveis para a carne bovina global. Uma postura conservadora na gestão do capital de giro em 2025 e 2026 pode levar a revisões positivas nas projeções do mercado, compensando eventuais incertezas sobre margens”, veem Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama.
Apesar do rali recente, o BBA mantém a visão de que a Minerva (compre e preço-alvo de R$ 9) continua sendo a empresa com o melhor momentum relativo na cobertura de Agronegócio e Alimentos & Bebidas.
O Santander reiterou sua recomendação de compra (outperform) e preço-alvo de R$ 7,10 após um desempenho sólido no 3T25 e pela perspectiva de que exportações robustas possam compensar a alta esperada nos preços do gado em 2026.
“A geração de fluxo de caixa livre foi destaque, somando R$ 2,5 bilhões (equivalente a 34% do valor de mercado), o que permitiu uma desalavancagem mais rápida e levantou questionamentos sobre o possível retorno da distribuição de dividendos. Enxergamos a continuidade do momento positivo, sustentado por uma demanda resiliente da China e pela menor oferta de carne bovina nos Estados Unidos”, explicam Guilherme Palhares e Laura Hirata.