Minerva (BEEF3): O que dizem os analistas – e o que fazer com as ações – após 2T24, com atenções para acordo com a Marfrig (MRFG3)
Na noite de ontem (7), a Minerva Foods (BEEF3) reportou lucro líquido de R$ 95,4 milhões no segundo trimestre de 2024 (2T24), queda de 21% na comparação com o 2T23.
Para a Genial Investimentos, a Minerva registrou um crescimento notável na receita líquida, alcançando R$ 7,7 bilhões (-2,3% contra estimativa da Genial), uma elevação de 6,1% trimestral e +5,2% anualmente. Esse desempenho foi amplamente impulsionado pelas exportações, que representaram 61,4% da receita total, beneficiadas pelo ciclo do gado negativo nos EUA, que resultou em uma oferta restrita de gado.
“Países como Brasil e Paraguai, recém-habilitado a exportar para os EUA, aproveitaram essa oportunidade, aumentando significativamente suas vendas. As exportações para a região NAFTA também aumentaram, refletindo uma estratégia bem-sucedida de mercado externo”, explicam Igor Guedes, Iago Souza e Rafael Chamadoira.
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Na visão dos analistas, a aquisição dos ativos da Marfrig, em avaliação pelo CADE, ainda é uma questão crítica.
“A transação, considerada cara pela grande maioria dos investidores (~9,5x EV/EBITDA), gera preocupação sobre o aproveitamento da janela do ciclo positivo no Brasil antes que ele se torne negativo, o que limita a valorização das ações. Ainda assim, acreditamos que as incertezas sobre a aquisição já estejam refletidas no preço das ações. Além disso, consideramos a companhia subvalorizada, levando em conta o desempenho operacional favorável projetado para o ano. Portanto, reiteramos nossa recomendação de compra, com alvo de R$ 9 e potencial de alta de 29,68%”, completam.
Em reação aos números, as ações da Minerva fecharam entre as maiores altas do Ibovespa. BEEF3 terminou o pregão da quinta-feira (8) com alta de 5,04%, a R$ 7,29.
Ciclo favorável no Brasil impulsiona Ebitda
Os analistas da Genial chamam a atenção para o Ebitda de R$ 745 milhões (2,3% acima do esperado pela casa), avanço de 18,7% de forma trimestral e 4,7% anualmente.
A entrega operacional positiva se deve à dinâmica favorável de aquisição de gado em um ciclo de alta disponibilidade no Brasil, enquanto as vendas se beneficiaram de um ciclo negativo no mercado externo, especialmente EUA, e da valorização do câmbio USD/BRL.
“A companhia conseguiu equilibrar a sazonalidade desafiadora no Brasil com operações eficazes no exterior. Temos uma preocupação com o potencial descasamento dos ciclos pecuários entre os EUA e o Brasil em 2026/2027. Atualmente, o ciclo do gado no Brasil está positivo, mas a expectativa é que ele reverta antes que o ciclo negativo nos EUA termine. Se isso ocorrer, ambos os países poderiam enfrentar ciclos negativos simultaneamente, pressionando o spread global da carne bovina devido à redução na oferta de gado. No entanto, no curto prazo, a Minerva continua a se beneficiar de um cenário operacional favorável devido à sua forte exposição aos mercados brasileiros e paraguaios”, afirmam.
BEEF3: BTG vê números decentes, mas em linha com o esperado
O BTG Pactual chama atenção para a mudança no mix de exportações, com o share de vendas para China recuando de 21% para 14%, com os volumes sendo redirecionados para os EUA, em função da caixa oferta de gado no país, o que segundo os analistas, explica a margem bruta de 21,7%, a maior para um 2T em 4 anos.
“A geração de FCF nos surpreendeu novamente, ficando em R$ 404 milhões, com a Minerva gerando R$ 564 milhões via resultados financeiros após os hedges cambiais. Ela conseguiu compensar a drenagem de capital de giro de R$ 700 milhões, impulsionada principalmente por um aumento de R$ 790 milhões em contas a receber contábeis, possivelmente explicado por mudanças nas fontes de exportação e destinos”, veem Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
Mesmo neste cenário, os analistas seguem neutros (R$ 8) para ação, já que apesar dos bons resultados, a grande questão fica sobre quão bem a Minerva integrará os ativos da Marfrig em sua operação.
“Negociando principalmente em linha com o múltiplo histórico de ~5x EV/EBITDA 2025 (pós-acordo), a história das ações depende inteiramente da capacidade da Minerva de desalavancar e transferir valor da dívida para o patrimônio. A boa notícia é de que o acordo pode ser aprovado em breve”.
Goldman Sachs mantém compra e vê Brasil como destaque
O Goldman Sachs aponta que o Ebitda reportado ficou 2% à frente do consenso da Bloomberg (-2% contra estimativa do Goldman), apoiado por um crescimento da receita mais forte do que o esperado (+2% contra consenso do mercado) e uma contribuição positiva de outras receitas operacionais (+R$ 24,6 milhões no comparativo anual)
“O Brasil foi mais uma vez o destaque, com volumes de exportação crescendo 28% ano a ano, seguido por uma expansão de 19,7% ano a ano no mercado doméstico. Apesar da retomada nos volumes, notamos que os preços realizados foram 5,7% menores trimestralmente em dólares e estimamos que a Minerva perdeu 114 pb t/t em participação nas exportações”, analisam.
A instituição mantém sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 7, com os principais riscos para ação sendo: (1) riscos de integração do acordo pendente com a Marfrig; (2) dividendos futuros; (3) novos embargos de exportação, proibições e/ou interrupções sanitárias; (4) uma potencial desaceleração na demanda da China; (5) volatilidade cambial; (6) volatilidade política e macro em andamento na Argentina; e (7) maior competição por exportações de carne bovina.