Commodities

Minério é commodity com melhor desempenho guiado por China

10 dez 2020, 7:30 - atualizado em 10 dez 2020, 7:30
Minério de ferro Mineração Commodities
Os contratos futuros em Cingapura subiram quase 70% desde janeiro e atingiram a maior cotação desde o início das negociações em 2013 (Imagem: Reuters/Muyu Xu)

A forte demanda na China, maior motor de crescimento do mundo, pode provocar escassez de minério de ferro, que mostra o melhor desempenho entre as principais commodities neste ano e cujos preços chegaram a ultrapassar US$ 150 a tonelada.

Os contratos futuros em Cingapura subiram quase 70% desde janeiro e atingiram a maior cotação desde o início das negociações em 2013, impulsionados pela recuperação guiada pelo estímulo da China que acelera a produção e o consumo de aço.

O rali ganhou ainda mais força depois que a Vale (VALE3) cortou a estimativa de produção anual na semana passada. Ao mesmo tempo, o primeiro trimestre deve trazer mais riscos de interrupções causadas pelo clima para produtores do hemisfério sul.

No centro do rali está a posição da China como a única grande economia a registrar recuperação sustentada e forte depois da crise causada pela pandemia neste ano, com o investimento em infraestrutura como pilar fundamental do crescimento.

Esse cenário eleva a demanda e os preços do aço e incentiva a China, maior fornecedora mundial, a aumentar a produção mesmo com maiores dos custos dos insumos.

Também leva compradores chineses a pedirem intervenção, enquanto ações das produtoras australianas BHP e Rio Tinto disparam. Alguns observadores do mercado também começam a alertar que a valorização dos preços vai além do que é justificado pelos fundamentos.

“O mercado está em desequilíbrio agora – os investidores estão negociando metais industriais como o minério de ferro como uma aposta especulativa sobre o desempenho da economia da China”, disse Atilla Widnell, cofundador da Navigate Commodities. “Não há como o minério de ferro valer US$ 150 com base nos fundamentos de oferta e demanda.”

Esse cenário eleva a demanda e os preços do aço e incentiva a China, maior fornecedora mundial, a aumentar a produção mesmo com maiores dos custos dos insumos (Imagem: REUTERS/Wolfgang Rattay)

O Morgan Stanley disse que os preços parecem cada vez mais sobrecomprados, embora projete déficit. Já o Goldman Sachs destacou potencial para mais ganhos em meio à falta do insumo.

O Australia & New Zealand Banking alertou que a desaceleração da produção de aço pode abrir caminho para uma demanda menor por minério de ferro, mesmo com a previsão de mercado apertado no próximo ano.

Os futuros chegaram a subir 5,5%, para US$ 154,68 a tonelada na Bolsa de Cingapura, antes de serem negociados a US$ 153,60.

Os preços spot de referência foram cotados a US$ 150,15 na quarta-feira, o maior nível desde 2013, quando o forte crescimento chinês elevou a demanda por minério de ferro, embora ainda mais de US$ 40 abaixo do recorde alcançado em 2010.

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Problemas de oferta

O Goldman Sachs disse nesta semana que espera déficit “substancial” no próximo ano, com demanda resiliente e oferta restrita sustentando a alta dos preços.

O Morgan Stanley prevê que o primeiro semestre de 2021 será particularmente apertado, o que deve manter os preços acima de US$ 100 a tonelada.

Do lado da oferta, em novembro os embarques do Brasil caíram para menos de 30 milhões de toneladas pela primeira vez desde maio.

O Goldman Sachs disse nesta semana que espera déficit “substancial” no próximo ano, com demanda resiliente e oferta restrita sustentando a alta dos preços (Imagem: Reuters/David Gray)

O guidance de produção mais baixo da Vale para 2020 mostra que mineradora ainda enfrenta obstáculos para recuperar capacidade após o rompimento da barragem de Brumadinho no ano passado. Além disso, a empresa disse que adotou uma abordagem conservadora para 2021.

Números de Port Hedland, na Austrália, maior terminal de exportação, mostraram ligeira queda dos embarques em novembro.

Na quinta-feira, a Autoridade Portuária de Pilbara emitiu um alerta de ciclone e disse que estava fechando o porto e ancoradouros para grandes navios.