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Minério de ferro volta a pesar sobre Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e outras ações; fim do rali?

19 dez 2022, 18:51 - atualizado em 19 dez 2022, 18:51
Um empilhador descarrega minério de ferro em uma pilha em uma mina localizada na região de Pilbara, na Austrália Ocidental
Apesar do ambiente volátil e ainda incerto, algumas instituições mantêm visão otimista sobre o minério de ferro e as ações expostas à matéria-prima siderúrgica (Imagem: REUTERS/David Gray)

A ocorrência de novos surtos de Covid-19 na China ainda causa preocupação e afeta o desempenho de alguns mercados, especialmente o minério de ferro, diretamente atrelado à recuperação da atividade econômica chinesa.

Nesta segunda-feira (19), os contratos futuros do ingrediente siderúrgico negociados em Cingapura afundaram até 4%, a US$ 106,85 a tonelada.

Na Bolsa de Dalian, o contrato do minério de ferro mais negociado para entrega em maio recuou mais de 3%, a 793,50 iuanes (US$ 113,75) a tonelada.

Os preços do minério de ferro vinham aproveitando um rali apoiado por notícias positivas de retomada na China, com a flexibilização das restrições da política de Covid Zero e a injeção de novos estímulos no setor imobiliário do país.

Porém, o aumento dos casos de Covid-19 na segunda maior economia do mundo abala o otimismo que traders vinham nutrindo nos últimos meses.

Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities, comenta que os novos surtos na China podem levar a população a querer esperar em casa a onda atual passar, “destruindo a atividade econômica no processo”.

USIM5, VALE3 e mais ações em queda

O setor de mineração e siderurgia reagiu à correção dos preços do minério de ferro nesta segunda, com Usiminas (USIM5) liderando as quedas do Ibovespa.

O papel da companhia recuou 6,12%. Vale (VALE3), por sua vez, perdeu 0,36%, e CSN Mineração (CMIN3) fechou estável. CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) caíram 2,01% e 1,39%, respectivamente.

Apesar do ambiente volátil e ainda incerto, algumas instituições mantêm visão otimista sobre o minério de ferro e as ações expostas à matéria-prima siderúrgica. É o caso do JPMorgan, que recentemente aumentou suas estimativas para a commodity.

O banco passa a projetar o minério de ferro a US$ 101 e US$ 93 a tonelada em 2023 e 2024, respectivamente (contra expectativa de US$ 94 e US$ 90 a tonelada anteriormente).

As estimativas de produção de aço na China para 2023 permanecem inalteradas, com queda anual estimada de 1%. No entanto, o JPMorgan ressalta que o cenário do lado da oferta parece ter melhorado para o minério de ferro.

“Mais importante, o sentimento deve continuar guiando o momentum positivo de preços no início do próximo ano”, avaliam Rodolfo Angele e Lucas Yang, que assinam o relatório enviado a clientes na última terça-feira (13). “Esperamos uma oferta sazonalmente menor, reabastecendo antes do Ano Novo Chinês, e notícias de uma potencial reabertura na China mantendo o sentimento positivo (embora os fundamentos para 2023 não tenham mudado materialmente)”.

Vale é top pick do JPMorgan no setor de mineração e siderurgia (Imagem: Reuters/Washington Alves)

Top pick

O JPMorgan reforça a expectativa de o sentimento em relação à reabertura chinesa ser o principal direcionador para os preços do minério de ferro nos próximos meses.

O banco lembra que o minério de ferro está atualmente em torno de US$ 110/tonelada, tendo avançado 38% desde mínimas recentes, impulsionado pelas notícias positivas mais recentes envolvendo a China.

A instituição ainda tem Vale como principal escolha dentro do setor. Ela aproveitou a atualização para cortar as projeções dos volumes de produção de minério de ferro da companhia em 2023, a 310 milhões de toneladas (patamar mínimo do guidance divulgado pela mineradora, de 310-320 milhões de toneladas).

Justificando a recomendação de “overweight” e o preço-alvo de R$ 109 à Vale, o JPMorgan cita a geração de caixa robusta, o que deve levar a pagamentos também robustos de dividendos, e o valuation atrativo.