Minério de ferro em queda? Vale (VALE3) está ligada a outra commodity com bom potencial; saiba mais
A manutenção do viés altista dos preços do minério de ferro não tem sido um consenso entre agentes do mercado. Na verdade, a duração do rali da commodity divide opiniões há meses, uma vez que as incertezas com a retomada da economia chinesa continuam elevadas, nublando as perspectivas para a demanda do gigante asiático.
A verdade é que agentes do mercado começaram a revisar para baixo as estimativas para o minério de ferro. Para o Bank of America (BofA), por exemplo, nos patamares atuais, a commodity é negociada a preços “insustentáveis”.
Embora acredite que a sazonalidade pode dar suportes aos preços no curto prazo, a instituição levanta a proximidade do movimento de correção, em direção à média projetada para 2023 de US$ 100 a tonelada, “especialmente no segundo semestre”.
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O futuro é dos metais básicos
Enquanto os preços do minério de ferro seguem alimentando um debate bem dividido, as perspectivas positivas para outra commodity têm aumentado.
No fim de fevereiro, o time de análise do Itaú BBA atualizou as estimativas para o metal básico cobre, adotando uma postura mais positiva em relação a este mercado tanto no curto prazo quanto para os próximos anos.
“Estamos nos tornando estruturalmente mais positivos sobre o cobre, uma vez que vemos uma relação oferta-demanda apertada para a commodity ao longo dos próximos anos”, dizem Daniel Sasson e a equipe de análise de Mineração e Aço da instituição, em relatório publicado na semana passada.
O BBA destaca que, do lado da oferta, as companhias de cobre têm enfrentado dificuldade para aumentar a produção por inúmeras razões, incluindo instabilidade política, permissões lentas e crescimento maior do capex (investimentos).
Já do lado da demanda, a expectativa é de que, com a transição para energias renováveis, o cobre seja uma fonte cada vez mais procurada nos próximos anos, enquanto os pedidos de setores não relacionados à energia também continuarão crescendo.
Para 2023, o BBA avalia um mercado de cobre mais equilibrado, com o potencial aumento da oferta (atualmente, os inventários estão abaixo dos níveis históricos) sendo parcialmente compensado pelo aumento da demanda.
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Analistas aumentaram as estimativas dos preços de cobre para US$ 4/lb (libra-peso) em 2023 e 2024 – contra US$ 3,25/lb para 2023 e US$ 3/lb para 2024 anteriormente. As estimativas de longo prazo também subiram, de US$ 3/lb para US$ 3,50/lb.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, embora haja espaço para otimismo quando se trata de cobre, o investidor deve ser paciente no curto prazo, porque os preços devem passar por volatilidade devido à provável contração das economias centrais de 2023 para 2024.
“Entretanto, ele ainda é um minério associado à transição energética e, portanto, será demandado de maneira estrutural nos próximos anos”, afirma.
“Há espaço para otimismo, mas com um pouco mais de paciência, porque ele [cobre] já andou bastante. Em patamares históricos, está consideravelmente alto, mas ainda há espaço para mais em termos de demanda”, completa Spiess.
Dá para surfar a alta do cobre com Vale?
De fato, as ações da Vale (VALE3) seguem basicamente a dinâmica do minério de ferro. Nesta segunda-feira (6), os papéis da mineradora derraparam 3,53%, na esteira da correção nos preços da commodity na China.
Analistas avaliam que, com os preços atuais negociados pela Vale hoje, entre R$ 85-90, e a correção nos preços do minério de ferro esperada pela frente, a ação da mineradora está mais do que precificada.
Considerando os múltiplos justos nos patamares atuais, a Ativa Investimentos rebaixou recentemente a recomendação da Vale para “neutro”. O Inter Research também tem classificação “neutra”, pois entende que o potencial de valorização do papel é limitado, após o recente rali.
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Apesar disso, a Vale ainda é vista por muitos como a principal ação do setor de mineração e siderurgia. Olhando para os fundamentos, a tese da companhia agrada os analistas.
Um dos principais gatilhos de longo prazo é a divisão de metais básicos, avalia a Ativa. Segundo a corretora, os investimentos na divisão trazem uma “opcionalidade” à tese.
A Vale tem dado atenção especial à sua divisão de metais básicos. Notícias de que a companhia está se dedicando em investir mais nessa categoria e procura um parceiro estratégico com o intuito de gerar mais valor ao negócio foram muito bem recebidas pelo mercado.
O analista Ilan Arbetman afirma que o investidor encontra na Vale o melhor de dois mundos: um case tanto de valor, com as operações de minério de ferro consolidadas, quanto de crescimento, via cobre e níquel.
Spiess, da Empiricus, reforça que, por mais que a Vale seja um investimento para se expor ao cobre no longo prazo, o impacto ainda é mínimo. O analista destaca que o varejo brasileiro já consegue ganhar exposição a teses internacionais que podem monetizar melhor uma eventual valorização do cobre, como é o caso da Freeport-McMoRan.
“Vale eu acho legal, mas com outros objetivos. Exposição de longo prazo para cobre? Até pode ser, por conta da transição [energética], pelo viés que ela tem em cobre e níquel. Mas também não é nada óbvio, não é nada para hoje. É um longo prazo bem dilatado”, afirma.
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